O Momento Agrícola deste final de semana trouxe à baila um assunto nada ‘palatável’ para a classe produtora de Mato Grosso. Uma das principais entidades representativas de produtores de soja e milho do mundo está sob risco.
A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) responde ação movida pelo Ministério Público, que ofereceu denúncia contra plantio experimental sem amparo legal e científico e sem cumprimento de protocolos sanitários em pleno mês de fevereiro.
O experimento teria, segundo o MP, aberto uma porta para disseminação da ferrugem asiática no estado. O resultado: O MP quer que a Aprosoja-MT pague uma multa superior a R$ 3 bilhões.
Presidida pelo produtor rural Antônio Galvan, entidade passa por momento político turbulento, com associados em posição divergente em relação à atual diretoria.
A ação movida pelo MP e o alto valor da multa deixam a Aprosoja-MT em cheque. Como se já não bastassem os riscos jurídico e financeiro, a entidade ainda passa por um momento político turbulento, com parte dos associados em postura divergente em relação à atual diretoria, comandada pelo produtor rural Antônio Galvan, da região de Sinop.
No Momento Agrícola desta semana, o apresentador Ricardo Arioli (que é produtor rural, consultor e um dos fundadores da Aprosoja-MT), entrevistou o primeiro presidente eleito da entidade, Rui Carlos Ottoni Prado, numa abordagem sobre a atual situação política da associação e sobre os efeitos da ação movida pelo MP.
Durante a entrevista, Prado defendeu a contratação pela Aprosoja de uma consultoria isenta e independente para avaliar o risco do processo ao qual responderá a entidade. Um grupo de associados, através do Conselho Consultivo da associação, notificou a diretoria para promover a contratação do serviço. “É para fazer um ‘compliance’ da nossa entidade. Queremos saber o que pode e o que não pode, como se dá a governança numa entidade como a nossa, a Aprosoja, que é uma das maiores do mundo!”, disse Rui Prado, que durante a entrevista encontrava-se em sua fazenda, em Campo Novo do Parecis, em meio a uma colheita de milho.
Prado cobrou de forma veemente a contratação da consultoria. “Precisamos desse parâmetro para não sermos mais surpreendidos que já fomos (…) Toda esta responsabilidade pode recair sobre o produtor rural associado, e eu sou um deles. Então, nós, associados, precisamos tomar providências”, acrescentou, deixando claro o temor dos associados, que já temem pesados prejuízos financeiros com a ação do MP, além de evidentes prejuízos do ponto de vista político-classista.
Além de Rui Prado, a notificação pela contratação da consultoria também foi assinada pelos ex-presidentes da Aprosoja-MT Rogério Sales, Glauber Silveira, Carlos Fávaro (senador), Ricardo Tomczyck e Endrigo Dalcin.
Ricardo Arioli, por sua vez, também externou sua preocupação com a atual conjuntura da Aprosoja-MT. “Também gostaria de ouvir um parecer jurídico isento sobre o risco que a nossa entidade corre. Hoje sabemos apenas de versões: a da diretoria da Aprosoja e a do Ministério Público”, disse, no diálogo com Rui Prado. Arioli finalizou a entrevista com uma declaração que sugere reflexão. “Uma coisa é certa: As diretorias passam, mas ações jurídicas ficam por um longo tempo…”.
Outras
Outras abordagens do Momento Agrícola desta semana dizem respeito à decisão da entidade de proteção ambiental norte-americana sobre o uso do Dicamba nas lavouras dos Estados Unidos, o vazio sanitário que começa em junho e, também, considerações sobre o sistema ILPF.
Para ouvir o programa na íntegra, acesse o link abaixo.