Pulses ganham força como terceira safra e prometem rentabilidade maior que milho e soja em MT
Uma propriedade em Tangará da Serra, na região da Linha 12, planta 65 hectares de feijão-mungo verde, com uma produtividade que pode chegar a 25 sacas/hectare. A conclusão da colheita deverá acontecer nessa semana e o feijão recém colhido já tem destino certo: a Ásia (China, Índia e Japão) e, também, o Oriente Médio. O Reino Unido também é comprador da leguminosa.
O feijão-mungo verde é uma alternativa rentável para a terceira safra em Mato Grosso. Faz parte da diversificação das lavouras no estado, que ganha um novo capítulo com o avanço dos pulses — grupo de grãos especiais que, além dos feijões, inclui gergelim, chia, amendoim e até variedades menos conhecidas, como são os casos do próprio mungo verde e do mungo preto.
Segundo dados apresentados pelo IBGE na Reunião de Estatísticas Agropecuárias (Reagro), a tendência de cultivo como segunda ou terceira safra vem crescendo graças à alta rentabilidade, ao menor risco climático e à forte demanda no mercado externo.

Colheita de feijão-mungo verde em Tangará da Serra, na Linha 12: conclusão deverá acontecer nessa semana e já tem destino certo.
O Brasil, reconhecido como um grande exportador de Feijão-mungo verde, principalmente para mercados asiáticos, exporta aproximadamente 95% de sua produção, que ainda é pequena (cerca de 40 mil toneladas/ano), mas tem apresentado crescimento em Mato Grosso e, também, em Minas Gerais.
A cotação do produto compensa, variando entre R$ 300 e R$ 400 a saca de 60 quilos. A soja, para se ter uma ideia, está cotada nesta segunda-feira (16.06) a R$ 109,77/saca.
Leguminosa
De nome científico “Vigna Radiata” e também conhecido como feijão moyashi, o feijão-mungo verde é um espécime de coloração esverdeada menor e mais arredondada do que um feijão carioca. Tem origem indiana, muito popular na culinária asiática e apreciado por seus benefícios nutricionais.

No Brasil, é mais conhecido por seus brotos, mas também pode ser utilizado em diversas preparações culinárias, como sopas e ensopados. É rico em fibras, proteínas, vitaminas (complexo B, cálcio, ferro, zinco, fósforo e folato) e minerais. Auxilia na digestão, pode contribuir para o controle da glicemia e é uma fonte de nutrientes importantes, especialmente em países de grandes populações – como na Ásia – e com ofertas deficientes de proteína animal.
No varejo local, é possível encontrar feijão-mungo verde em supermercados (seção de produtos naturais ou congelados), lojas de produtos naturais, feiras e mercados em geral.
Pulses
Os pulses estão realmente chamando atenção em Mato Grosso. Nesta safra 2024/2025, quatro municípios já cultivam chia em 1.540 hectares, com produção estimada em 1,2 mil toneladas. O amendoim, presente em 21 municípios, ocupa 12 mil hectares, com previsão de 39,4 mil toneladas. Mas o destaque é o gergelim, cuja produção deve crescer 10,5%, atingindo 272 mil toneladas — o equivalente a 70% de toda a produção brasileira, conforme o 9º Levantamento de Grãos da Conab, divulgado na quinta-feira (12/06).
Para o presidente da Associação dos Produtores de Feijões, Pulses, Grãos Especiais e Irrigantes de Mato Grosso (Aprofir), Hugo Garcia, o impulso para o aumento de área e de produção do gergelim vem da recente abertura do mercado chinês, resultado também das articulações entre o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec).

O gergelin é um destaque entre os pulses. Produção deve crescer 10,5%, atingindo 272 mil toneladas — o equivalente a 70% de toda a produção brasileira.
Além disso, ele destaca a vocação exportadora e afirma que os pulses têm se mostrado mais rentáveis que o milho segunda safra em determinadas regiões, com contratos fechados antecipadamente e maior segurança para o produtor.
“O gergelim hoje é economicamente viável e tem proporcionado lucros maiores. Estamos falando de uma cultura que já começa a rivalizar com a soja, o milho e o algodão. Este ano, com certeza, o gergelim e alguns pulses terão mais rentabilidade do que o milho de segunda safra, pois são contratos fechados, é um produto que está oferecendo segurança econômica, o produtor já sabe quanto vai receber, então isso é muito interessante”, afirma.
Ele aponta que, a longo prazo, os pulses devem ter o mesmo peso na produção agrícola que a soja, o milho e o algodão, especialmente porque a irrigação está em expansão, com estudos em andamento e apoio do Governo do Estado.
“Ainda temos uma pequena quantidade de área irrigada, em torno de 235 mil hectares, mas há expectativa de chegarmos de 8 a 10 milhões de hectares irrigados. Quando isso acontecer, os pulses se tornarão uma das grandes culturas do estado, ao lado da soja, do milho e do algodão. A área plantada do amendoim está aumentando e acredito que deve ser ainda maior do que 12 mil hectares no próximo ano com a fábrica de beneficiamento instalada em Nova Ubiratã”, afirma o presidente da Aprofir.
Por sua vez, o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, César Miranda, ressalta que, além dos recursos destinados ao estudo para identificar o potencial das águas subterrâneas e superficiais (rios, lagos), realizado pelo Instituto Mato-grossense de Feijão, Pulses, Grãos Especiais e Irrigação (Imafir) em parceria com a Universidade Federal de Viçosa e a Universidade de Nebraska, nos Estados Unidos, o Governo tem apoiado ativamente o desenvolvimento dos pulses.
“Temos uma política estadual de estímulo à diversificação, incluindo incentivos fiscais por meio do Proder (Programa de Desenvolvimento Rural de Mato Grosso) e a atuação da Câmara Técnica de Feijão, Pulses e Grãos. Com planejamento e políticas públicas, criamos condições para que nossos produtores prosperem e conquistem novos mercados”, afirma.
#feijão-mungo verde; #pulses; #safra 2024-2025
(Redação EB, com informações de Secom-MT)