Candidato de oposição à presidência da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), o produtor rural Marcos da Rosa esteve em Tangará da Serra esta semana para um diálogo com colegas do setor produtivo em reunião no Sindicato Rural. O também produtor Ricardo Arioli, de Tangará da Serra, compõe a chapa como vice e participou da reunião.
Pleito
O processo eleitoral de 2020 elegerá delegados e a nova diretoria para o triênio 2021-2023. A eleição será realizada no dia 09 de novembro, das 7h às 17h (horário de Mato Grosso). Os 25 núcleos da Aprosoja se tornarão local de votação, bem como a sede da entidade, em Cuiabá.

Marcos da Rosa e Ricardo Arioli: “Precisamos tomar providência para reverter este quadro de deterioração da Aprosoja”.
Marcos da Rosa e Ricardo Arioli enfrentarão a chapa situacionista composta por Fernando Cadore e Lucas Costa Beber. O atual presidente, Antônio Galvan, não pode pleitear a permanência no cargo porque o estatuto da entidade veta a reeleição.
Produtor da região de Canarana, Rosa é uma das lideranças do setor produtivo no estado e atua com frequência em Brasília junto ao IPA – Instituto Pensar Agropecuária -, que presta suporte técnico à Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Sua atuação em prol da classe produtora o credencia como postulante à presidência da Aprosoja.
Retomada
Marcos da Rosa defende a retomada do diálogo da diretoria da entidade com os associados o que, segundo ele, não tem corrido com os atuais dirigentes, em especial o presidente Antônio Galvan. “Hoje não há diálogo, a diretoria não ouve os produtores associados, é arbitrária, truculenta e intimida quem tenta algum questionamento”, disse à reportagem do Enfoque Business.
O oposicionista menciona, como exemplo, que os coordenadores das comissões e dos próprios núcleos simplesmente deixaram de se reportar à diretoria por não serem ouvidos. “Eles desanimaram”, disse, durante a reunião.
Além da falta de diálogo, A Aprosoja-MT responde a 14 ações movida pelo Ministério Público por plantios experimentais sem amparo legal e científico e sem cumprimento de protocolos sanitários em pleno mês de fevereiro.
O experimento teria, segundo o MP, aberto uma porta para disseminação da ferrugem asiática no estado. O resultado: O MP quer que a Aprosoja-MT pague uma multa superior a R$ 3 bilhões.
“Precisamos tomar providência para reverter este quadro de deterioração da Aprosoja. A gente peca por atos, palavras e omissões e minha consciência me disse que não poderia me omitir, por isso saio candidato ao lado do Ricardo Arioli”, disse, no encontro da última terça-feira.
Mais custos
Segundo Marcos da Rosa, a Aprosoja tem como ação prioritária o acompanhamento dos trabalhos em torno da Reforma Tributária que tramita no Congresso Nacional. Ele destaca que as três propostas de reforma – em especial a PEC 45/2019 – hoje em debate atualmente em Brasília têm potencial de aumentar a carga de impostos em 11% para soja e milho e 15% na pecuária. “Temos de lutar contra isso. Não cabe mais nenhum aumento nos nossos custos”, disse.
É consenso entre as lideranças do setor, tanto as grandes cadeias exportadoras, como soja e carnes, quanto atividades desenvolvidas pela agricultura familiar – e com influência no preço da cesta básica -, a exemplo de frutas e leite, serão impactadas e poderão perder competitividade caso qualquer um dos textos seja aprovado como está.
Em Mato Grosso, que lidera a produção nacional de soja, milho e carne bovina, a alíquota do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) de 25% prevista na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45/2019, por exemplo, poderá gerar aumento de custos de R$ 6,3 bilhões por ano nessas três culturas, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). “Isso representa um quarto do total investido no agronegócio do Estado em 2019. A proposta reduz a capacidade de investimentos do setor e inviabiliza algumas culturas”, disse Daniel Latorraca, superintendente do órgão.
A PEC 45, discutida no momento pela Câmara dos Deputados, também é considerada a mais prejudicial ao agronegócio pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), por acabar com benefícios tributários como as isenções sobre insumos – fertilizantes, defensivos e sementes. O aumento do custo de produção com o fim das desonerações ronda os 20% em diversas culturas, e poderá haver impacto até na oferta de crédito, de acordo com a CNA.