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Entrevista: Biotecnologia é solução inovadora e sustentável para controlar aedes aegypti

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Uma solução inovadora e sustentável chamada Aedes do Bem foi desenvolvida pela multinacional de biotecnologia inglesa Oxitec, fundada na Universidade de Oxford e presente no Brasil desde 2011. Livre de inseticidas químicos, a tecnologia faz controle biológico do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya.

Segundo o último boletim epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, o Brasil registrou, em 2022, o maior número de mortes por dengue da história. Foram 1.016 óbitos pela doença, o que reforça a necessidade de medidas mais eficazes no controle do mosquito transmissor.

Mas como funciona essa tecnologia? Existe o risco de desequilíbrio no ecossistema?  Confira na íntegra a entrevista com a coordenadora de Operações de Campo da Oxitec no Brasil, Luciana Medeiros.

Brasil 61: Qual o objetivo dessa nova tecnologia?

Luciana Medeiros: Essa tecnologia foi desenvolvida pela Oxitec, que é uma empresa de controle de pragas, controle biológico de pragas. Ela já existe há 20 anos, foi fundada na universidade de Oxford e já há 12 anos desenvolve o Aedes do Bem no Brasil. Então, é uma tecnologia que já tem muitos anos de estudo, de inovação, e que foi desenvolvida pensando em fazer o controle biológico das pragas e insetos. Então, quando o Aedes do Bem é liberado das Caixas do Bem encontra as fêmeas no ambiente e, quando essas fêmeas cruzam com os machos aéreos do bem, ela só produz novos machos. Ao longo do tratamento a população de fêmeas diminui e, consequentemente, é controlada a população do Aedes aegypti no local tratado.

Luciana Medeiros: coordenadora de Operações de Campo da Oxitec no Brasil.

Brasil 61: Como vai funcionar essa medida de combate ao mosquito da dengue?

Luciana Medeiros: Essa metodologia pode ser aplicada não só para governos, prefeituras, mas para o consumidor final, indústrias, comércios, porque tem uma flexibilidade grande e as caixinhas são projetadas para tratar aproximadamente 5.000 m². Essa é uma medida preventiva. Não é uma tecnologia corretiva, como quando é aplicado, por exemplo, o químico, o inseticida, a atomização, que normalmente é feita na correção de áreas que já tem, já estão com alta infestação. Então, o Aedes do Bem chega como um adjuvante, adicionando controle às medidas já existentes. Isso não exime, por exemplo, o morador de uma cidade ou a pessoa que adquire a Caixa do Bem, de limpar o seu quintal, não exime a prefeitura de tomar as medidas de vigilância rotineiras, mas o Aedes do Bem faz com que os criadores da região tratada sejam encontrados, coisa que o inseticida não alcança às vezes, os nossos olhos não alcançam.

Brasil 61: Existe um local específico para colocar as caixas?

Luciana Medeiros: Sim, as caixas foram projetadas para liberarem os mosquitos do lado de fora. A gente não trata o ambiente interno, mesmo porque os criadores estão do lado de fora. Então dentro da caixa tem um refil, que é um cestinho plástico e toda vez que você for ativar a caixa, você troca esse refil. O refil dura 28 dias, então adiciona o cesto plástico onde contém os ovos do Aedes do Bem e ativa essa caixa com água. O passo a passo é: colocar o cestinho, a cápsula de ovos, ativar com água e aí é o mosquito que faz o trabalho pela gente. Você volta nessa caixa dali a 28 dias apenas. Normalmente, dependendo do público, para prefeituras, ambientes que necessitam de um tratamento mais massivo, recomendamos uma dose maior, então cada ponto de liberação pode ter até tr caixas.

Brasil 61: Com a liberação do mosquito macho, não existe o risco de haver um desequilíbrio no ecossistema?

Luciana Medeiros: Não existe. O Aedes do Bem foi extensivamente estudado. A autoridade que nos deu a aprovação para que o produto fosse comercializado é a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) e exigem que a gente realize um estudo muito aprofundado de impacto ecológico para comprovar que não existe nenhum tipo de impacto. Esses estudos comprovaram que o Aedes do Bem não é tóxico, então qualquer diferença do Aedes do Bem para o Aedes aegypti e do ambiente que a gente teve que trazer para ter essa tecnologia, a gente pensou nisso para não causar nenhum tipo de impacto no ambiente. Então, tudo o que ele tem de diferente não é tóxico nem alergênico. O segundo ponto que foi estudado também é como ele entra na cadeia alimentar, então todos os animais que possam se alimentar de um Aedes aegypti, tivemos que fazer um monitoramento disso para saber se é algum tipo de impacto e não tem nenhum tipo de impacto. Outro impacto que também normalmente nos perguntam é se formos suprimir, se formos diminuir essa quantidade de população, ele não vai fazer falta no ambiente. Então, o Aedes aegypti é um mosquito invasor, ele não é próprio do nosso ecossistema aqui no Brasil. Ele chegou aqui em 1980, depois de ser erradicado e se estabeleceu. Existem vários outros bichos que entram no lugar dele caso a gente tenha de controlar essa praga efetivamente.

Brasil 61: Onde o consumidor final, a população pode encontrar as Caixas do Bem?

Luciana Medeiros: Hoje em dia, o modelo “pró”, o qual consideramos profissional, tem uma dose maior de mosquitos, que é liberado. Então a gente indica para ambientes de governo, prefeituras e ambientes de áreas maiores, de balcões industriais e shoppings, por exemplo. Agora, para o consumidor final, a gente está em fase de desenvolvimento, entre janeiro e fevereiro. Até o fim de fevereiro, provavelmente a gente lança uma caixa, que é menor, tem praticamente um quarto da dose dessa caixa “pró” e é capaz de tratar os quintais.  Essas caixinhas vão ser vendidas no varejo. Então, provavelmente os mercados locais vão conseguir comprar essa caixa e comercializar.

Brasil 61: Qual a importância da adoção de medidas mais eficazes no controle do mosquito Aedes aegypti?

Luciana Medeiros: A gente percebe que, ano a ano, chega o verão, a temporada de chuvas, dependendo do local do Brasil, porque tem locais que são calor o ano todo, mas o Aedes aegypti, nessa receitinha calor, mais chuvas, eles começam se reproduzir em alta velocidade e a cada ano a gente percebe que ele está altamente adaptado, e tem evolução em qualquer tipo de tecnologia de inseticida, a maneira de se aplicar, então tem drone, existem químicos que que são menos tóxicos e com maior eficiência, mas ainda assim o mosquito volta. Então, vemos muito as campanhas no rádio, na TV chegando nas nossas casas dizendo ‘Limpe o seu quintal, colabore’. Então tem tudo isso, o lado tecnológico mais o lado educacional e a gente sabe que essa receitinha volta a falhar e os mosquitos estão cada vez mais adaptados a ambientes que antigamente não eram. E o Aedes do Bem chega para complementar tudo isso, todas essas tecnologias não funcionam sozinhas, então quem sabe, com uma adoção massiva ao Aedes do Bem, vamos fazer com que esse controle esteja mais nas nossas mãos.

Fonte: Brasil 61

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Em 09/11, em Tangará: Dia de Campo lançará nova cultivar de bananeira de alta produtividade

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Uma nova cultivar de banana tipo terra, conhecida como banana de fritar, será lançada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf), por meio da Empaer (Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural).

O lançamento da BRS Terra-Anã será durante o Dia de Campo, na quarta-feira (09.11), às 7h30, na Estância São Francisco, na área do produtor rural Eduardo Carneiro Teixeira, em Tangará da Serra. A cultivar apresenta frutos com características semelhantes a cultivar tradicional, porém com alta produtividade, maior número de frutos por cacho e porte baixo, o que facilita as operações de manejo e colheita.

O novo material foi introduzido e selecionado pelo Programa de Melhoramento Genético de Banana e Plátano, da Embrapa Mandioca e Fruticultura, se destacando nos trabalhos de pesquisa em diferentes regiões do Brasil, principalmente em Mato Grosso.

O pesquisador da Empaer, Humberto Marcílio Carvalho, fala que a banana é a principal fruta produzida no Estado, que possui uma área de quase 7 mil hectares e uma produção de 72 mil toneladas, segundo dados do IBGE de 2021. Ele destaca que o cultivo da bananeira é explorado, principalmente por pequenos produtores e assentados, sendo a cultura a principal fonte de renda e alimento da agricultura familiar.

O potencial de produtividade da BRS Terra-Anã está em torno de 30 toneladas por hectare, em condições favoráveis da lavoura, e pode ser cultivada em plantios adensados. Apresentam, em média, de 8 a 9 pencas e 45 a 50 frutos por cacho. De acordo com Humberto, a bananeira do tipo Terra, também conhecida como banana da terra ou plátano, será mais uma opção de cultivo para os produtores.

No Estado, o cultivo de plátano está distribuído em mais de 80 municípios, se destacando como a principal frutífera da agricultura familiar. “Em média, 50% da área colhida é de bananeira tipo Terra (plátanos). O plantio comercial, em sua maioria, é com a cultivar Farta Velhaco, que, apesar de ser preferida pelo mercado local, apresenta algumas características indesejáveis, com baixa produtividade e porte elevado. A BRS Terra Anã vai atender à demanda do mercado estadual, com grande aceitação no mercado consumidor”, esclarece.

Durante o Dia de Campo, os participantes percorrerão seis estações, com os especialistas abordando os seguintes temas – Uma nova opção tecnológica de plátanos, principais características, tratos culturais e manejo nutricional da BRS Terra-Anã, manejo integrado da Sigatoka-negra, mudas micropropagadas, aclimatização, plantio, custo de produção, comercialização e subprodutos à base de frutos da BRS Terra-Anã.

Participam das estações, os pesquisadores da Embrapa Mandioca Fruticultura, Edson Perito Amorim, Ana Lúcia Borges, Hermínio Rocha e Marilene Fancelli; o pesquisador da Empaer, Humberto Carvalho; representante da Multiplanta Tecnologia Vegetal, Márcio Assis; e os produtores rurais Eduardo, Ciro Cercino e Eliel Porto.  O evento contará com a participação de agricultores, estudantes, técnicos e outros. O encerramento está previsto para às 12 horas.

Dia de Campo

Na sexta-feira (11.11), também será realizado um Dia de Campo, no município de Cáceres (225 km a Oeste da Capital), no Centro Regional de Pesquisa e Transferência de Tecnologia da Empaer. O enfoque é divulgar a cultivar BRS Terra-anã. O Pesquisador Marcílio explica que o Centro de Pesquisa trabalha há 25 anos testando cultivares de banana com características agronômicas e comerciais, que possam ser recomendadas aos agricultores familiares.

A finalidade do trabalho é apoiar o processo de desenvolvimento da bananicultura de subsistência e comercial, com ações de pesquisa para selecionar cultivares mais produtivas e resistentes às principais doenças. O evento começa às 7h30 e encerra às 12 horas.

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