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Cachaça, o 3º destilado mais consumido no mundo. Conheça suas classificações

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A cachaça é uma das bebidas mais emblemáticas do Brasil, está presente na vida dos brasileiros há mais de 500 anos e é carregada de história, tradição e uma variedade impressionante de estilos e sabores.

Nelson Alves, possuidor de uma “pequena” coleção de cachaça (mais de 700 rótulos) na cidade de Nova Olímpia, é um entusiasta do produto e estudioso acerca do assunto. A convite do EnfoqueBusiness, tem ajudado a desvendar algumas particularidades dessa bebida que é a marca registrada do povo brasileiro.

Conforme ele, a cachaça é tão importante para a história e a economia que atualmente, o País tem registro de pelo menos 6 mil marcas diferentes da bebida. “A cachaça é o 3º destilado mais consumido no mundo, ficando atrás apenas da bebida coreana soju e da vodka. São mais de 2 bilhões de cachaças produzidas anualmente no Brasil”, diz.

Nelson Alves: “A cachaça é a bebida mais emblemática do Brasil”.

E, neste contexto, ele destaca que é importante explicitar os diversos tipos de cachaças e suas características específicas.

“Se você deseja explorar o mundo da cachaça, faz-se necessário entender os diferentes tipos disponíveis. A cachaça, bebida tipicamente brasileira, é conhecida por sua diversidade de sabores e aromas, refletindo as diferentes técnicas de produção e regiões onde é feita”, comenta, enfocando que as diretrizes regulatórias estão especificadas na Portaria MAPA Nº 539, de 26 de dezembro de 2022, estabelecendo determinadas classificações para bebidas destiladas, especialmente as que se enquadram na categoria de cachaça.

Abaixo listamos os tipos de cachaças:

Cachaça Branca: Também conhecida como “cachaça prata” “clássica” ou “cachaça tradicional”, é o tipo mais comum e não passa por processo de envelhecimento em barris de madeira. São descansadas em barris de inox, de seis meses a um ano. Possui sabor mais forte e aroma mais intenso, sendo ideal para drinks e coquetéis.

Cachaças Envelhecida, Descansada e Artesanal

Cachaça Descansada: Após produzida é mantida em descanso em tonel ou barril de madeiras por um período, geralmente, nunca é inferior a 6 meses. Tem por objetivo propiciar a cachaça nova, que saiu do alambique, o tempo necessário para uma melhor harmonização sensorial, um amaciamento do destilado através das interações com a madeira.

Cachaça Envelhecida: A cachaça pode ser classificada como envelhecida quando, no mínimo, 50% de seu volume envelhecido em recipiente de madeira, com capacidade máxima de 700 litros, por período não inferior a 1 ano. Essa cachaça é envelhecida em barris de madeira, adquirindo sabores e aromas mais complexos. Existem diferentes tipos de envelhecimento, como em barris de carvalho, amburana e bálsamo, cada um conferindo características específicas à bebida.

Cachaça Extra Envelhecida: Essa categoria de cachaça passa por um período de envelhecimento mais longo, geralmente superior a três anos, em barril de até 700 litros. O resultado é uma bebida mais suave, complexa e refinada, com notas de madeira mais pronunciadas e sabor mais acentuado.

Cachaças Prata, Extra Premium, Ouro e Adoçada

Cachaça Premium: São 100% envelhecidas em barril de até 700 litros por período superior a 01 ano. Essa categoria engloba cachaças de alta qualidade, produzidas com cuidado especial em todas as etapas do processo. São reconhecidas pela sua pureza, suavidade e complexidade, sendo ideais para serem apreciadas puras ou em drinks sofisticados.

Cachaça Extra Premium: É a cachaça 100% envelhecida em recipiente de madeira (capacidade máxima de 700 litros) por um período igual ou superior a 3 anos. As cachaças deste grupo geralmente apresentam de forma intensa os elementos resultantes da interação do destilado com a madeira.

Cachaça Blend: A cachaça blend é produzida a partir da mistura de diferentes cachaças, envelhecidas em diferentes tipos de madeira ou em diferentes períodos, para criar um perfil de sabor único e equilibrado.

Cachaças Edição Especial, Armazenada e Blend

Cachaça Reserva Especial: Apesar de não fazer parte da rotulagem oficial, a categorização  “Reserva Especial” é utilizada para designar as cachaças envelhecidas por um tempo superior a 5 anos. É utilizada também para identificar um destilado que não passou  por longo período de envelhecimento, ou as vezes que nem por madeira passou, mas que faz parte de uma safra especial ou de um lote especial.

Cachaça Orgânica: Produzida a partir de cana-de-açúcar cultivada sem o uso de agrotóxicos ou fertilizantes químicos, a cachaça orgânica destaca-se pela sua pureza e qualidade. É uma escolha ideal para os apreciadores preocupados com questões ambientais e de saúde.

Cachaça Artesanal: Produzida em pequenas quantidades e de forma artesanal, essa cachaça é valorizada pela sua qualidade e autenticidade. Cada garrafa é única, refletindo o cuidado e a dedicação dos produtores durante todo o processo de fabricação.

Cachaça de Alambique: Produzida em alambiques de cobre, essa cachaça é reconhecida pelo seu sabor mais encorpado e pela preservação das características naturais da cana-de-açúcar. É considerada uma das mais tradicionais e autênticas formas de produção.

Cachaça adoçada: A cachaça que for adicionada de açúcares em quantidade superior a 6g/L e inferior a 30g/L deve ser chamada de cachaça adoçada.

Cachaça Infusionada: Nesse tipo de cachaça, são adicionados ingredientes como frutas, ervas e especiarias durante o processo de fabricação, conferindo sabores e aromas únicos à bebida. É uma opção criativa e versátil para quem busca novas experiências sensoriais.

Cachaça de Terroir: Essa cachaça é produzida em regiões específicas, onde o solo, o clima e outros fatores naturais contribuem para características únicas de sabor e aroma. Cada terroir imprime suas particularidades na bebida, criando uma conexão entre o produto e seu local de origem.

Cachaça de Coleção: Essas cachaças são produzidas em edições limitadas e geralmente são envasadas em garrafas especiais, numeradas e acompanhadas de certificados de autenticidade. São valorizadas não apenas pelo seu sabor excepcional, mas também como itens de colecionador.

GRADUAÇÃO ALCOÓLICA DA CACHAÇA

Ainda há de se destacar que a Legislação Brasileira estipula que a graduação alcoólica da cachaça deve variar entre 38% e 48%. Este intervalo é crucial, pois é nele que a bebida consegue expressar todas as suas características únicas. Abaixo de 38%, a bebida perde o caráter típico de uma cachaça, e acima de 48% ela pode se tornar agressiva ao paladar, prejudicando a degustação.

Cachaças Leves (38% a 40%): Ideal para consumidores que preferem bebidas mais suaves e menos intensas. Essas cachaças são geralmente apreciadas puras ou em coquetéis, pois não sobrecarregam o paladar e permitem uma degustação mais prolongada.

Cachaças Médias (40% a 43%): Representam um equilíbrio entre suavidade e intensidade. São versáteis e podem ser consumidas puras ou utilizadas em receitas de drinks mais elaborados, oferecendo uma boa complexidade de sabores.

Cachaças Encorpadas (43% a 48%): Para os apreciadores de bebidas mais potentes, essas cachaças oferecem uma experiência robusta. São indicadas para degustações cuidadosas, onde cada gole é apreciado e analisado.

CACHAÇA E AGUARDENTE, AS DIFERENÇAS

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Superstição, título no futebol e mendigo bêbado: as histórias por trás da origem da Cachaça 51

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A cachaça, mais importante destilado brasileiro, acumula ao longo de seus mais de 500 anos uma coleção de histórias e lendas. Muitas dessas narrativas são passadas de geração em geração — sempre acompanhadas de uma boa prosa e uma dose da bebida.

É o que destaca o historiador e cachacista mato-grossense Nelson Alves, residente em Nova Olímpia. Apaixonado pela história da cachaça, Nelson compartilha versões curiosas e pitorescas sobre a origem de uma das mais icônicas marcas do país: a Cachaça Pirassununga 51, sinônimo de “Uma Boa Ideia”.

Como tudo começou

De acordo com Nelson, a história da Cachaça 51 teve início em 1951, na cidade de Santa Cruz das Palmeiras, interior de São Paulo. Foi ali que os irmãos Piccolo começaram a comprar cachaça de pequenos alambiques da vizinha Pirassununga, engarrafando o produto em garrafas de 600 ml e revendendo na região.

O nome “51”, no entanto, está cercado de versões lendárias:

  • Uma delas conta que os irmãos, supersticiosos a ponto de evitarem até gatos pretos, sempre armazenavam a melhor aguardente da safra no barril número 51.
  • Outra versão afirma que um mendigo de Pirassununga teria tomado 51 doses num único dia — sendo 50 para ele e uma “para o santo”.
  • Há ainda quem diga que os Piccolo eram torcedores fanáticos do Palmeiras e que o nome “Palmeiras 51” foi uma homenagem ao título internacional conquistado pelo clube na Taça Rio de 1951. (Veja foto do topo)

Nelson, com um exemplar histórico da 51.

Mas há também explicações mais técnicas: estudiosos indicam que era comum, naquela época, marcas de aguardente levarem o nome da cidade seguido de um número — como “Pirassununga 1”, “Pirassununga 5”, “Pirassununga 21” e assim por diante. O número 51, segundo essa teoria, era apenas o número do telefone da empresa dos Piccolo.

A virada: nasce a Pirassununga 51

Oito anos depois, em 1959, a pequena empresa foi comprada por Guilherme Müller Filho, brasileiro de origem alemã. Müller assumiu o negócio, que estava praticamente desativado, e rebatizou oficialmente o produto como Pirassununga 51.

A produção usava garrafas de cerveja de 600 ml adaptadas e equipamentos rudimentares, como tonéis de madeira, envasadoras simples e tampadores manuais. A partir dali, a marca começava sua jornada de sucesso.

Hoje, a 51 é a cachaça mais vendida do Brasil, com uma produção diária de 500 mil litros, respondendo por 40% do mercado nacional de cachaça e 50% do volume de destilados consumidos no país. São cerca de 104 doses vendidas por segundo no Brasil. Em consumo, perde apenas para a cerveja, superando em 10 vezes o consumo de vodca e em 13 vezes o de uísque.

Exportações e reconhecimento internacional

A Cachaça 51 está presente em 56 países, com destaque para Portugal, Espanha, Itália e Estados Unidos. Um levantamento da revista The Millionaire’s Club (2017) colocou a marca na 12ª posição mundial em volume de vendas, à frente de bebidas renomadas internacionalmente.

Linha de produtos da Companhia Müller de Bebidas

Hoje, o portfólio da empresa inclui:

  • 51 Caipirinha Mix
  • 51 Ouro
  • 51 Mel
  • 51 Ice
  • 51 Internacional
  • 51 Gold
  • 51 Assinatura
  • Reserva 51 Única
  • Reserva 51 Rara
  • Reserva 51 Singular
  • Reserva 51 Carvalho Americano

Curiosidades sobre a Cachaça 51

  • Primeira exportação: Japão, na década de 1990.
  • 2004: Durante a Eurocopa, a marca espalhou 7.897 painéis e 132 outdoors em Portugal, com o slogan em inglês “51, The Brazilian Spirit”.
  • 2009: Lançamento da Reserva 51, cachaça extra premium envelhecida em carvalho.
  • 2013: Reconhecimento oficial nos EUA como produto tipicamente brasileiro pelo Alcohol and Tobacco Tax and Trade Bureau.
  • 2016: Ação promocional durante os Jogos Olímpicos do Rio.
  • SPFW: Participação nas edições de 2005, 2006 e 2007 da São Paulo Fashion Week.
  • 2020: Redesign do rótulo, com destaque para elementos como cana-de-açúcar, barris e a volta do nome “Pirassununga”.
  • Product placement em Hollywood: A Cachaça 51 apareceu em três cenas da série Big Bang Theory e em episódios da temporada final de Two and a Half Men.

Os slogans da Cachaça 51

  • 2019 – Você é uma Boa Ideia.
  • 2015 – Brasil é uma boa ideia.
  • 2014 – Boa ideia do Bra51l.
  • 2008 – Uma boa ideia puxa outra.
  • 2007 – Boa ideia é ser brasileiro.
  • 1978 – Uma boa ideia.

Sobre o lendário slogan

Criado em 1978 pela agência Lage Stabel & Guerreiro, o slogan “51 – Uma Boa Ideia” tornou-se um dos mais memoráveis da publicidade brasileira. O diferencial da campanha foi valorizar o hábito de consumo da bebida, em vez de seus atributos tradicionais como sabor ou preço. A estratégia transformou consumidores em personagens de uma boa escolha — como se pedir uma 51 fosse, por si só, uma atitude inteligente.

O resultado foi extraordinário: a marca, que tinha apenas 0,5% de participação no mercado, saltou para 45% em pouco tempo, expandindo-se de São Paulo para todo o Brasil. A frase se transformou em ditado popular e referência cultural, sendo lembrada até mesmo por quem não consome bebidas alcoólicas.

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