A pavimentação da BR-163/PA, inaugurada na semana passada, foi tema de artigo publicado no site norte-americano Farm Progress, veículo especializado em agricultura e pecuária. No artigo, o colunista James Thompson destaca o avanço logístico proporcionado pela entrega da rodovia e o aumento da competitividade brasileira na exportação de grãos.
Brasileiros concluem projeto de pavimentação para ‘rodovia da soja’
Há menos uma estrada lamacenta para caminhões carregados de soja e os custos de transporte podem cair 20%.
(*) Veja vídeo com matéria produzida logo na inauguração:
Você sabe como qualquer discussão sobre concorrência entre os EUA e o Brasil envolve falta de infraestrutura na América do Sul? Como todas essas estradas de terra da América do Sul não puderam competir com nossos dutos de rodovias, trens e hidrovias?
Isso está prestes a mudar.
Os brasileiros podem não ter lhe enviado um cartão de dia dos namorados este ano, mas provavelmente estavam pensando em você em 14 de fevereiro. Foi quando o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, voou para o estado do Pará para comemorar a conclusão de um trabalho de pavimentação que poderia mudar o campo da competitividade para os mercados de grãos. Os brasileiros terminaram de pavimentar uma estrada que até agora era mais uma armadilha de lama que engolia caminhões a caminho do estado de Mato Grosso, produtor de soja, para portos no Rio Tapajós, um afluente da Amazônia.
Inauguração histórica: BR-163 irá proporcionar custos de transporte mais baratos entre os produtores de soja de Sinop, Mato Grosso, e o porto exportador de Itaituba.
A rodovia BR-163 irá proporcionar custos de transporte mais baratos entre os produtores de soja de Sinop, Mato Grosso, e o porto exportador de Itaituba.
Você deve ter visto fotos famosas de caminhões de grãos sendo engolidos na lama profunda, enquanto lutam para ir para o Norte das áreas de produção para os rios ao longo da rodovia federal conhecida como BR-163. Caminhões retidos acumularam milhares em perdas para os comerciantes de grãos.
Alguns produtores aguentam isto porque os portos do Tapajós ficam a apenas cerca de 965 km ao norte de Sinop, Mato Grosso, uma grande área produtora de soja. Mas é mais do que o dobro do grande porto sul de Santos, nos arredores de São Paulo.
Uma caminhonete se aproximando da obra da rodovia Transamazônica (BR-230) perto de Rurópolis, estado do Pará, Brasil. A BR-230 e a BR-163 são as principais rotas de transporte no Brasil.
Grande parte da pavimentação da BR-163 já havia acontecido nos quase 60 anos desde o início da estrada de terra de Cuiabá, Mato Grosso, até os portos do Rio Tapajós. Mas houve esse trecho persistente de 48 km que tem sido o destaque. E com razão, alguns dizem.
Eles apontam que já é ruim o suficiente que a velha estrada de terra BR-163 atravesse um parque nacional e saia muito perto das reservas indígenas. Mas aqueles contra a pavimentação do resto da rodovia federal temem que o desenvolvimento não pare por aí. Com o aumento do tráfego de caminhões, provavelmente viriam serviços de reparo de pneus, paradas de caminhões, hotéis e assim por diante para esta área intocada.
Mas o atual governo, desinteressado em tais coisas, terminou o último trecho da BR-163, mobilizando um grupo de engenheiros do Exército Brasileiro para finalizar as coisas.
Batalhões brasileiros de engenharia celebram a conclusão das operações de pavimentação da rodovia BR-163. A finalização da estrada pode diminuir os custos de transporte de 15% a 20% e dobrar as exportações de milho/soja do Mato Grosso dentro de 5 anos.
Preços mais baixos, mais soja e milho
A associação brasileira de britadores de oleaginosas estima que a conclusão da última estrada de terra de 48 km entre a capital do Mato Grosso e o porto de Itaituba dobrará as exportações de milho e soja do Mato Grosso para os portos do Rio Tapajós dentro de cinco anos – isso acontecerá porque os custos de transporte rodoviário devem cair 20% devido a tempos de trânsito mais rápidos, menos atrasos e assim por diante.
De acordo com os britadores, isso significaria que a BR-163 passaria de 10 milhões de toneladas de milho e soja para 20 milhões de toneladas até 2025.
Sua “vantagem competitiva” está prestes a diminuir.
Tangará da Serra pode ser parte, em futuro próximo, de trajetos de ferrovias. A informação foi repassada na manhã desta segunda-feira (17) pelo secretário municipal de Indústria, Comércio e Serviços, Silvio José Sommavilla, durante comentário no programa Primeira Hora, na rádio Serra FM.
Segundo Sommavilla, a possibilidade foi externada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres e pelo Ministério dos Transportes, cujos representantes estiveram em Cuiabá na última sexta-feira (14), em audiência pública sobre o tema.
Segundo os órgãos federais, Tangará da Serra poderá estar na rota tanto para o trecho entre Lucas do Rio Verde e Vilhena, como no trecho desde Cuiabá até a já citada cidade rondoniense, dentro do contexto das ferrovias de Integração do Centro-Oeste (FICO) e de Integração Oeste-Leste (FIOL). “Nos deram essa esperança, na expansão da rede de ferrovias”, disse o secretário.
Representando o prefeito Vander Masson, Sommavilla fez uso da palavra, na última sexta-feira, na audiência pública (foto acima), em Cuiabá, defendendo a inclusão de Tangará da Serra nos projetos de expansão ferroviária.
Sommavilla: “Vai depender da nossa articulação política (…), de ficarmos atentos e participar das audiências públicas sobre as expansões e colocar esse pleito nas concessões”.
Os trilhos passariam pelo Chapadão dos Parecis, na área de domínio da BR-364, a cerca de 60 quilômetros do perímetro urbano de Tangará da Serra.
Porém, para viabilizar a conquista dessa logística, seria necessário mobilização especial. “Vai depender da nossa articulação política (…), de ficarmos atentos e participar das audiências públicas sobre as expansões e colocar esse pleito nas concessões”, observou Sommavilla.
Ele informa que uma audiência envolvendo essa expansão acontecerá em Cuiabá, no final de maio, possivelmente nos dias 26 e 27.
Por ser um projeto de execução a longo prazo, a chegada dos trilhos ainda é um sonho distante, mas realizável. “Pode demorar, mas vamos deixar um legado para as próximas gerações”, acrescentou o secretário.
Multimodalidade
A multimodalidade consiste na integração dos modais rodoviário, ferroviário e hidroviário.
A chegada dos trilhos representaria um grande avanço para a região no que se refere a logística de transportes. Com ferrovias passando pelo Chapadão dos Parecis, a região alcançaria a multimodalidade, já que a hidrovia do rio Paraguai, a partir de Cáceres, já é um pleito regional, já com unidades portuárias prontas para operar (caso do Terminal da APH) e licenciadas para construção (Paratudal e Barranco Vermelho), todas em Cáceres.
Outro aspecto a ser considerado e o porto seco que deverá ser implantado em Tangará da Serra, provavelmente na região próxima ao Jardim Industriário e bairro Alto da Boa Vista, às margens do Anel Viário.
Além da competividade proporcionada pela redução do custo do frete, a multimodalidade seria fundamental para reduzir o engargalamento sistêmico hoje verificado nas proximidades do porto de Miritituba, no Pará, em decorrência da grande produção de grãos e colheitas de enormes volumes na mesma época. Também será uma solução para outro problema sério enfrentado pela produção de grãos, que é a limitação da capacidade de armazenamento.