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Double stack e a conexão industrial entre MT-SP

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Por: Silvio Tupinambá

No presente artigo, destacaremos a relevância do uso do Double Stack, uma inovação disruptiva no transporte de carga geral no Brasil, especialmente no contexto da Ferrovia Estadual em construção. O Double Stack permite o transporte de dois contêineres empilhados, totalizando até 101 toneladas por vagão, uma façanha que demandou adaptações significativas nas Obras Arte Especiais (OAE) ao longo do trecho entre Sumaré (SP) e Rondonópolis (MT).

Sob a gestão da Brado, subsidiária da Rumo, o Double Stack já demonstrou seu potencial ao transportar cerca de 70 produtos acabados ou industrializados, agregando substancialmente às cadeias de suprimentos da ferrovia.

Internacionalmente, a Índia, país em desenvolvimento, recentemente adotou o transporte com Double Stack utilizando tração elétrica, evidenciando a importância desse método de unitização de carga para o crescimento econômico. Em minha visita aos Estados Unidos em março de 2024, pude testemunhar o transporte de Double Stack em várias ocasiões ao longo das rodovias americanas, destacando a sinergia entre ferrovia, rodovia e hidrovia.

Em minhas palestras e aulas, defendo veementemente que se o Brasil tivesse uma rede ferroviária abrangente, transportando Double Stack em todas as cinco regiões do país, poderíamos alcançar níveis de crescimento econômico comparáveis aos principais países do mundo, como Estados Unidos, China e Alemanha.

A prosperidade de um país está diretamente ligada ao volume de Double Stack transportado, tanto no mercado interno quanto no externo. Nesse contexto, a oportunidade da Rumo em aumentar o fluxo atual do transporte de Double Stack com a Ferrovia Estadual em construção é de uma magnitude absurda. Além disso, é fundamental ressaltar a importância estratégica de conectar a região de Cuiabá ao mercado industrial e consumidor de São Paulo.

“O Double Stack já demonstrou seu potencial ao transportar cerca de 70 produtos acabados ou industrializados, agregando substancialmente às cadeias de suprimentos da ferrovia”.

Dados indicam que São Paulo é um dos principais destinos dos produtos industriais oriundos do Mato Grosso, fortalecendo o vínculo econômico entre esses dois estados. Essa conexão ferroviária não apenas facilitará o escoamento desses produtos, mas também impulsionará o desenvolvimento econômico regional, gerando empregos, renda e contribuindo substancialmente para o aumento da arrecadação de impostos e divisas tanto para o Mato Grosso quanto para o Brasil.

A recente visita do Governador Mauro Mendes a uma fábrica de fiação em Campo Verde (MT), um dos processos da cadeia de suprimentos do algodão, ilustra claramente o potencial de unitização de carga por contêiner. A inclusão de Terminais Intermodais, especialmente na região da BR-070 entre Primavera do Leste, Dom Aquino e Campo Verde, é crucial para facilitar o transbordo da carga entre os modais ferrovias/rodovias, tornando viável o transporte pelo Double Stack.

Esta integração não só beneficiará o mercado interno, mas também abrirá portas para o mercado externo, promovendo um novo patamar de eficiência logística e desenvolvimento econômico.

Considerando a tradicional verticalização da soja (in natura, leite, farelo e óleo), temos uma oportunidade ímpar para a nova verticalização da indústria da sojicultura, que já está acontecendo nos EUA. Diversos produtos acabados industrializados à base de soja estão surgindo, transformando a cadeia da sojicultura em uma fonte de alto valor agregado. Entre eles, destacam-se:

– Banco de automóvel (substituindo petróleo);

– Pneu (já no mercado americano);

– Isosoy (em especial isoflavona para remédio feminino);

– Soygreen (produtos de limpeza doméstica);

– Soycrete (aditivo para concreto);

– Timbersoy (para proteção aumentando a durabilidade da madeira).

Esses seis produtos exemplificam a diversificação e a sofisticação da indústria da sojicultura, agregando valor à produção de soja. Essa nova vertente industrial não apenas promove a industrialização do Mato Grosso, mas também impulsiona a economia regional e nacional.

É importante ressaltar que tais produtos demandam a unitização via contêiner e consequentemente, o uso do Double Stack, o que transforma completamente a cadeia de suprimentos da sojicultura, elevando-a a um novo patamar de eficiência e rentabilidade.

A ferrovia de autorização estadual é uma infraestrutura que mudará o Mato Grosso de patamar, pois tem vocação industrial e de agronegócio. Sua conclusão e operação eficaz representam um marco crucial para o desenvolvimento econômico e social do estado, elevando-o a novos patamares de crescimento e prosperidade.

(*) O autor, Silvio Tupinambá Fernandes de Sá, é Engenheiro Civil e Ferroviário, MBA Logística Empresarial e Mestre em Economia Empresarial

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Opinião

Quem vai pagar essa conta? O que está por trás do PL do Streaming

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(*) Ricardo Godoy

Estamos diante de um debate importante no Congresso Nacional: a proposta de regulamentação dos serviços de streaming no Brasil. Plataformas como Netflix, Amazon Prime Video, YouTube, entre outras, estão no centro dessa discussão que pode mudar profundamente o cenário do entretenimento digital no país.

Confesso que tenho acompanhado com atenção — e uma certa preocupação — o rumo que essa proposta está tomando. Um dos pontos mais sensíveis do projeto de lei é o aumento da alíquota da Condecine (Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional), que hoje gira em torno de 3% e pode saltar para 6% sobre o faturamento das plataformas no Brasil.

A intenção, em teoria, é válida: fortalecer a produção audiovisual nacional, gerar mais empregos no setor e fomentar a cultura brasileira. Todos nós queremos ver mais obras como Cidade Invisível, Sintonia, Bacurau disponíveis nas plataformas. Mas é preciso ter muito cuidado com o caminho escolhido para isso.

Porque, sejamos honestos: quem vai acabar pagando essa conta somos nós, os consumidores. As plataformas dificilmente vão absorver esse custo extra. Ele será repassado para os preços das assinaturas, que já pesam no bolso dos brasileiros — especialmente num cenário em que precisamos assinar vários serviços para acompanhar o conteúdo que queremos.

Outro ponto polêmico da proposta é a obrigatoriedade de uma cota mínima de produções brasileiras nos catálogos. A valorização da cultura nacional é essencial, sem dúvida. Mas também é preciso garantir critérios de qualidade. Não podemos cair na armadilha de “encher prateleiras” apenas para cumprir regras. O público quer boas histórias — bem produzidas, envolventes, que representem o Brasil de forma criativa e inovadora.

Por outro lado, esse momento pode representar uma grande oportunidade para o mercado audiovisual brasileiro. Se os investimentos forem bem direcionados, podemos ver novos projetos saindo do papel, novas vozes sendo ouvidas, novos talentos sendo descobertos. O Brasil tem potencial de sobra — e merece ser protagonista.

O que espero, como empresário e apaixonado por inovação, é que o projeto final tenha equilíbrio. Que incentive a cultura sem sufocar o setor. Que crie oportunidades sem criar barreiras. Que enxergue a tecnologia e a criatividade como aliadas, e não como ameaças.

Como CEO da Soul TV — uma plataforma brasileira que nasceu com propósito de democratizar o conteúdo digital e hoje está presente em 197 países — acredito em um modelo de crescimento baseado em inovação, inclusão e liberdade criativa. O Brasil tem tudo para liderar esse movimento global, desde que as decisões tomadas agora sejam inteligentes, justas e conectadas com a realidade do consumidor e do produtor de conteúdo.

(*) O autor, Ricardo Godoy (foto do topo), é CEO e Fundador da Soul TV

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