Cáceres poderá ser a sede brasileira da empresa chinesa Fufeng Group Limited, líder global na produção de aminoácidos que pretende instalar uma unidade industrial no país com investimentos de US$ 400 milhões, o equivalente a mais de R$ 2 bilhões. O gargalo logístico, porém, é fator que poderá impedir o investimento estrangeiro.
O governo de Mato Grosso acompanhou os executivos chineses entre os dias 03 e 10 desse mês através da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), que está à frente das negociações. Além de Cáceres, há chances para Cuiabá, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Rondonópolis e Sorriso.
Os asiáticos analisam a viabilidade da implantação da fábrica em outros estados, como Mato Grosso do Sul, Goiás e Santa Catarina.
Chineses querem investir R$ 2 bilhões em Mato Grosso e avaliam aspectos como incentivos e logística (Foto: Assessoria Sedec-MT).
O grupo chinês planeja expandir as operações na América do Sul e escolheu o Brasil para investir pela disponibilidade de matéria prima. Esta é a segunda comitiva enviada pela empresa, desta vez composta por equipe técnica, chefiada pelo gerente-geral do projeto Fufeng Brasil, Jinzhao Xu.
O gerente chines explicou que a comitiva fez uma análise detalhada sobre os municípios visitados, além de coletar informações essenciais para o projeto.
Trunfo e entrave
Em Mato Grosso, os chineses visitaram a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Cáceres, conheceram o espaço e os benefícios fiscais oferecidos na ZPE. Segundo informações de bastidores que chegaram à redação, os chineses se interessam pela ZPE, mas consideram fundamental a questão de acessibilidade e logística. Uma situação observada é a Hidrovia do Rio Paraguai, ainda por operar, e suas estações de transbordo de cargas APH, Paratudal e Barranco Vermelho, sendo as duas últimas ainda por construir.
Funcionamento da hidrovia é uma das condições básicas para atração de investimentos privados.
Para que a hidrovia seja uma realidade, é preciso que o governo federal libere a navegação no tramo norte do rio Paraguai, viabilizando um aparato logístico fundamental para escoamento da produção, agregando em competitividade com menor custo de frete, numa ligação com Corumbá e, dali para os grandes centros e para o exterior.
A acessibilidade na região de Cáceres, que inclui a pavimentação da BR-174, também é outro quesito observado pelos empreendedores. “Sem a hidrovia e as estações de transbordo e sem a BR-174, dificilmente eles (chineses) vão investir na ZPE”, observa o economista e especialista em logística, engenheiro Sílvio Tupinambá, consultado pela redação. “É preciso celeridade nesses processos, porque se demorar muito para resolver esses gargalos, perderemos os investimentos… Não adianta a ZPE estar pronta se não há infraestrutura logística”, completou Tupinambá.
Nos outros municípios pesquisados pelos chineses – Cuiabá, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Rondonópolis e Sorriso – uma vantagem seria a logística favorável proporcionada, principalmente, pelos trilhos da Ferrovia Estadual. Nestes, porém, apesar da força política, não haveria os benefícios de uma ZPE servida por uma hidrovia.