Uma situação de abuso e assédio contra alunas adolescentes em ambiente escolar repercute desde a última sexta-feira nas redes sociais e causa apreensão em Tangará da Serra. O caso pode ter desdobramentos significativos, envolvendo múltiplos incidentes ao longo de anos e possível omissão de educadores.
Um professor foi alvo de mandado de busca e apreensão da Polícia Judiciária Civil na última sexta-feira (22), em sua residência. Ele é acusado de assédio e abuso sexual contra estudantes de um Centro Municipal de Ensino Fundamental onde atua.

Policiais da DEDM realizaram busca e apreensão na residência do professor, na última sexta-feira (22). (foto: PJC)
A investigação está sob responsabilidade da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher, coordenada pelo delegado Ivan Albuquerque Soares.
O caso veio à tona após denúncia de uma adolescente na Delegacia da Mulher, relatando ter sido vítima do professor dentro da escola. O registro gerou repercussão nas redes sociais, com menções de outras estudantes sobre práticas de assédio e abuso pelo mesmo profissional.
Força-tarefa
Segundo o delegado Ivan Albuquerque Soares, a partir dos relatos das estudantes foi formada uma força-tarefa que já colheu depoimentos de cerca de 20 pessoas, além de levantar materiais indicativos de que os crimes teriam ocorrido por vários anos.

Policiais apreenderam equipamentos e celulares do acusado. Investigações serão aprofundadas. (foto: PJC)
As possíveis vítimas têm entre 11 e 12 anos. “Diante dessas avaliações, representei por busca e apreensão (…) apreendemos equipamentos e celulares que passarão por perícia”, afirmou Albuquerque, pedindo iniciativa por parte das vítimas. “Peço que tenham coragem e compareçam à delegacia para relatar o que ocorreu”, completou.
O professor acusado é formado pela Unemat, em Tangará da Serra, e já atuou como diretor na Escola Che Guevara, no Assentamento Antônio Conselheiro, além de ter lecionado na Escola Sílvio Paternez, no Jardim Santa Izabel. Ele alegou ser vítima de perseguição política por filiação ao Partido dos Trabalhadores (PT). “Isso não prosperará, pois temos relatos firmes e coesos de vítimas sobre os abusos sexuais”, afirmou o delegado.
Os relatos incluem situações em que as alunas teriam sido tocadas nas pernas, acariciadas nas costas, ou terem sido alvo de tentativas de abraço e pedidos para sentar no colo do professor.
Direção intimada
O delegado informou que as investigações serão aprofundadas, e que a diretora que estava à frente da escola naquela ocasião será ouvida sobre possível omissão. Segundo ele, a diretora teria desconsiderado a denúncia de uma aluna, ordenando que a vítima retornasse à sala de aula: “Volta pra sala de aula, vai estudar… Ele não faria isso porque é pai de uma aluna”, teria dito.
“Essa diretora será identificada e chamada à responsabilidade. Ela tinha que ter tomado providências”, completou Ivan Albuquerque.
A situação pode ter gravidade ainda maior, considerando que os casos de assédio e abuso sexual podem ter ocorrido em diversas oportunidades ao longo dos últimos anos.
Além de possíveis novas medidas cautelares contra o professor, a diretora citada e outros integrantes da equipe escolar serão intimados a depor. “Não vai ficar pedra sobre pedra! Estamos trabalhando e vamos apurar tudo!”, finalizou o delegado.