Tangará da Serra poderá ingressar numa nova era em seu setor agrícola com a implantação da cultura do cacau. A viabilidade da tecnologia de plantio e manejo do cacaueiro foi o tema de palestra realizada durante todo o dia de sábado (22), no auditório do Sindicato Rural de Tangará da Serra, em parceria com a Prefeitura Municipal.
Cerca de 100 pessoas estiveram presentes, entre produtores rurais e representantes de entidades, para encaminhar o início do projeto denominado “Cacau Tangará Sustentável”.

O palestrante foi Francisco Hildemburg Costa Bezerra, popular Chiquinho do Cacau (foto acima), renomado técnico da cacauicultora no estado de Rondônia.
O evento foi organizado dentro do contexto da estratégia Produzir, Conservar e Incluir (PCI) através de parceria do próprio Sindicato Rural com os poderes públicos municipal (prefeitura e secretarias municipais de Agricultura – SEAPA – de Meio Ambiente – SEMMEA) e estadual (EMPAER e secretarias de Estado de Agricultura Familiar – SEAF – e de Meio Ambiente – SEMA). O Sistema Famato esteve representado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), como agente fomentador.

O evento foi aberto pelo presidente do Sindicato Rural, Romeu Ciochetta, com a participação do prefeito Vander Masson (ambos na foto acima). Marcaram presença no evento produtores rurais, profissionais da área técnica, além de representantes da iniciativa privada e da sociedade civil organizada.
Oportunidade
A implantação da cadeia produtiva do cacau no município poderá resultar numa alternativa viável de sustentabilidade ao homem do campo, através de metodologias de ensino prático e dinâmico, com introdução de conhecimento a partir de novas tecnologias da cultura e materiais genéticos de alta produtividade.

Auditório do Sindicato Rural ficou lotado para o evento.
Segundo Chiquinho, o rendimento bruto da cacauicultura pode chegar na casa dos R$ 150 mil/hectare, com custo ao redor de R$ 28 mil. “Em qual cultura se obtém uma rentabilidade dessas?”, indagou o palestrante, detalhando que a produtividade chega a 3.000 quilos/hectare com uma média de R$ 50/Kg pagos ao produtor.
Cenário
Hoje, o cenário do cacau aponta para valorização e uma oferta restrita por vários fatores, como questões de geopolítica, clima e sanidade. O maior produtor mundial de Cacau – Costa do Marfim, África – sofreu quebra severa na produtividade no final do ano passado em razão de uma forte estiagem.
Como se trata de uma commodity, o preço do cacau é cotado em bolsa de valores. Assim, as dificuldades enfrentadas pela África já seriam o suficiente para impactar os valores no Brasil. Somado a isso, as produções nacionais de cacau enfrentam os mesmos problemas.

Ou seja, as dificuldades em outras regiões podem representar uma grande oportunidade para a implantação da cultura na região de Tangará da Serra e em todo o Mato Grosso, com vantagens evidentes à agricultura familiar.
A restrição da oferta mundial e alta de 189% no preço do cacau no mercado internacional produzirá impactos na Páscoa deste ano. Nos supermercados cearenses, os ovos de chocolate ficarão, em média, 15% mais caros, segundo a Associação Cearense de Supermercados (ACESU).
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente 12 municípios cultivam cacau no Estado, entre eles Alta Floresta, Aripuanã, Colniza e Cotriguaçu.
O Brasil é o 7º maior produtor mundial de cacau. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o país tem como meta dobrar a produção de cacau das atuais 200 mil toneladas/ano para cerca de 400 mil toneladas até 2030.
Start
No encerramento do evento, uma muda de cacau foi plantada no pátio do Sindicato Rural para simbolizar a chegada desta cultura na cidade e o início dos trabalhos que serão realizados a partir de agora.