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Economia & Mercado

Etanol dos Estados Unidos sem tarifa pressiona mercado brasileiro e desagrada usinas

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A decisão do governo brasileiro, anunciada no final da semana passada de renovar a cota de importação do etanol dos Estados Unidos de 187,5 milhões de litros sem tarifa por 90 dias vai impor um grande sacrifício ao setor sucroalcooleiro. A avaliação é do presidente do presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Evandro Gussi.

Por conta da redução da mobilidade provocada pela pandemia, neste momento os estoques de etanol estão 43% acima do mesmo período do ano passado e a safra do Nordeste começa a entrar no mercado, o que vai pressionar o preço. “Cada litro de etanol que entrar no Brasil é um problema a mais para o setor.”

O que foi apresentado pelo governo para o setor é que a prorrogação da cota isenta de tarifa seria um gesto para permitir uma negociação, capitaneada pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araujo, mais favorável para as exportações do açúcar brasileiro para os EUA. Apesar de ser o maior exportador, o produto brasileiro tem presença insignificante nos EUA. Isso porque sobre ele é cobrada uma tarifa de importação de 140% “Esperamos que o governo tenha sucesso porque só por isso valeria a pena um sacrifício tão grande como esse neste momento; o mercado americano é muito relevante.”

Existem no mercado duas leituras da decisão do governo de prorrogar a isenção de tarifa para o etanol americano. Uma delas é, a do governo brasileiro. Foi divulgada uma declaração conjunta do governo brasileiro e dos EUA, informando que os dois países decidiram realizar “discussões orientadas” para chegar a um “arranjo” que aumente o acesso ao mercado de etanol, no Brasil, e do açúcar, nos Estados Unidos. Segundo o texto, os países também vão considerar um incremento no acesso ao mercado de milho em ambos os países.

A outra leitura do mercado é que a questão do etanol é sensível à campanha de reeleição do presidente americano Donald Trump. O etanol americano é produzido a partir do milho e essa seria uma maneira de Trump conquistar votos dos produtores do grão. “Eu odiaria saber de alguma coisa como essa. O que nos foi a apresentado é que era uma negociação para buscar uma condição de justiça para o açúcar”, diz Gussi.

Verdade

O economista Felippe Serigatti, da FGV/Agro, afirma que o tempo irá dizer qual das duas versões para prorrogação da isenção de tarifa sobre o etanol americano é a verdadeira. “Acho que esse veredicto vai sair mais para frente, se essas negociações para o açúcar prevalecerem ou não”. Ele lembra que o aço brasileiro não teve isenção de tarifa dos americanos e, na sua avaliação, estaria faltando um gesto dos Estados Unidos nesse sentido.

Se a prorrogação da isenção de tarifa do etanol americano tiver como contrapartida uma negociação mais favorável ao açúcar, que hoje está com preço em alta no mercado internacional, Serigatti considera decisão positiva. No entanto, se motivo for eleitoral, o economista reprova a decisão. “O governo brasileiro tem que tratar os EUA como país, não ser um apoiador do governo Trump ou de qualquer outro governo.”

(Fonte: Canal Rural)

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Colheita estrangulada e logística insuficiente encarecem frete em até 73,9% no MT

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Mato Grosso deve colher 47 milhões de toneladas de soja na safra atual. Em meio a esse volume de grãos, o atraso na colheita em razão das chuvas reflete diretamente no fluxo do escoamento.

A colheita está acelerada, aproveitando as janelas de sol para o trabalho das máquinas nas lavouras. Aí é que vem o problema, na medida em que o estrangulamento da colheita encarece o frete em até 70% em algumas rotas a partir de Mato Grosso e esse ritmo de alta deve seguir nesse mês de fevereiro, segundo especialistas do setor.

Mato Grosso ainda depende muito do modal rodoviário e há poucas opções de ferrovias e praticamente nada de hidrovias. Para agravar o cenário, não há caminhões suficientes para atender a demanda, o que catapulta o preço do frete. Por exemplo, na rota Sorriso-Santos o preço do frete por tonelada subiu de R$ 330,00 para R$ 340,00 em janeiro e, agora, em fevereiro, se aproxima de R$ 500,00. Especialistas preveem que para essa rota o prelo do frete/tonelada chegue a R$ 600,00 ainda nesse mês.

Colheita apertada integra cenário de alta nos preços do frete em Mato Grosso.

Para transportar a soja de Sorriso a Rondonópolis, em 15 dias o frete subiu de R$ 118/tonelada para R$ 205/tonelada. Ou seja, um aumento de 73,7%. Outra opção para descarregamento da soja em trens, na rota Querência-Rio Verde(GO), o frete teve alta semelhante, de 73,9%, saltando de R$ 138/tonelada para R$ 240/tonelada.

Outro gargalo é a insuficiência do sistema de armazenagem, cuja capacidade é de 65% da safra, incluindo as próprias fazendas, as cerealistas, empresas e tradings. O governo, por sua vez, não contribui para uma solução, ainda que disponibilize linhas de crédito para a estocagem nas propriedades através do Plano de Construção de Armazéns (PCA).

Mesmo com disponibilização de R$ 3,3 bilhões pelo PCA a juros anuais de 7% e R$ 4,5 bilhões para armazéns maiores com juros de 8,5% ao ano, o prazo de apenas 10 anos para pagamento são muito curtos para o tamanho dos investimentos.

Por fim, o diesel subiu R$ 0,22/litro nas refinarias. Vale lembrar que o combustível responde por 50% do custo do frete.

As altas verificadas no frete recaem, também, no preço dos fertilizantes.

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