Em meio à crise momentânea relacionada à coleta de lixo doméstico, outra situação que gera preocupação em Tangará da Serra envolve o descarte de resíduos sólidos provenientes, principalmente, da construção civil.
O tema foi discutido em reunião realizada na última quarta-feira (12), com a presença de empresários do setor de caçambas e tira-entulho, representantes do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), do Executivo e da Câmara Municipal. Cerca de dez empresas participaram do encontro.
Desde o mês passado, o descarte de resíduos da construção civil (RCC) deixou de ser permitido no aterro sanitário municipal, passando a ser realizado exclusivamente em um aterro particular, localizado a cerca de 15 quilômetros da cidade. A justificativa é que o aterro público atingiu sua capacidade máxima, enquanto o novo espaço municipal passou a receber apenas resíduos domiciliares e orgânicos, incluindo os de comércios de alimentos.

Aterro público que recebia RCC está com capacidade praticamente exaurida.
O impasse concentra-se nos custos. Antes, as empresas do setor pagavam R$ 27,00 por tonelada para descartar RCC no aterro público. Agora, o valor cobrado pelo aterro privado é de R$ 280,00 por tonelada, representando um aumento de 1.037% — o equivalente a dez vezes mais.
Esse reajuste impacta diretamente o consumidor final: o preço médio da contratação de uma caçamba, que era de cerca de R$ 340,00, pode chegar a R$ 1.500,00 com o novo custo de descarte.
Além do aumento, as regras de separação do material também ficaram mais rigorosas, não sendo mais permitida a mistura de resíduos de alvenaria com madeira ou outros tipos de materiais.
O presidente da Câmara Municipal, vereador Edmílson Porfírio, classificou a situação como preocupante, alertando para os efeitos econômicos sobre o setor.
“Empresas vão fechar e os empregos vão diminuir”, afirmou, assegurando que o tema será debatido nas próximas sessões do Legislativo.
O diretor do Samae, Marcos Scolari, explicou que o município não pode intervir nos valores cobrados por empreendimentos privados. Ele informou, entretanto, que o Samae está avaliando alternativas para permitir o recebimento temporário de parte dos resíduos no aterro público.
“Vamos rever o que podemos fazer dentro do aterro para continuar recebendo RCC. Agora, no caso do aterro privado, que é licenciado, o preço praticado é de responsabilidade dele, e o município não pode intervir”, destacou.
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