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Meio Ambiente & Preservação

Força-tarefa realizará trabalhos de correção de erosão subterrânea na aldeia do Formoso

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O processo erosivo subterrâneo que causou o colapso do solo na área de cabeceira do córrego Bonitinho, na Aldeia Indígena do Formoso, em Tangará da Serra, motivará a mobilização de uma força-tarefa para sua correção, com ações divididas em duas fases.

A estratégia para a correção foi definida na semana passada, após vistoria na área afetada e em acompanhamento com a comunidade indígena local. Os trabalhos, propostos em reunião com os moradores, serão coordenados pelo Instituto Pantanal Amazônia de Conservação (IPAC), com anuência da Associação Haliti/Paresi, entidade representativa do povo indígena da localidade.

Ações para recuperação contam com anuência da comunidade do Formoso, expressa em reunião na última quinta-feira (30).

A reunião, coordenada pelo presidente do IPAC, Décio Eloi Siebert, e pelo representante da Associação Haliti/Paresi, Geovani Kezo, contou com a presença de membros da Brigada de Combate a Incêndios Florestais, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA) e do Comitê da Bacia Hidrográfica (CBH) do rio Sepotuba.

Erosão provocou colapso do solo na Aldeia do Formoso, nas cabeceiras do córrego Bonitinho.

Com base no diagnóstico preliminar realizado, ficaram definidas ações em duas etapas. A primeira (Fase 1) será emergencial, com o objetivo de conter o processo erosivo por meio do plantio de cordões de gramínea “vetiver” e de mudas nativas no entorno da área afetada.

Geovani Kezo, da Associação Halitinã, participa da coordenação dos trabalhos.

Na “Fase 2” será implantado um sistema de drenagem subterrânea (imagem abaixo) para solucionar o problema de “piping”, que causou a erosão e o colapso do solo no local. Esta fase também incluirá a implantação de um sistema de restauração ecológica, com a construção de paliçadas no interior da área erodida para conter as águas pluviais e o plantio de mudas de vetiver, espécies nativas e bambu.

A força-tarefa contará com a equipe do IPAC, membros da comunidade indígena local, SEMA, CBH, além da participação de propriedades rurais vizinhas e apoio de instituições. Os trabalhos serão realizados predominantemente de forma manual, devido à fragilidade do solo na região da Aldeia do Formoso, não contando, portanto, com maquinário pesado.

Para custear as atividades operacionais, insumos, ferramentaria e outros itens necessários, serão captados recursos junto aos setores público e privado. A operação será comunicada ao Ministério Público.

Processo erosivo

O processo erosivo foi identificado após o afundamento (depressão) de uma área na cabeceira do córrego Bonitinho, afluente do rio Formoso, um dos principais da bacia do rio Sepotuba.

A falha no solo foi causada por um fenômeno erosivo conhecido como “piping” (imagem acima), um tipo de erosão interna do solo, causada pelo escoamento subterrâneo concentrado de água, que remove partículas finas do interior do maciço, formando canais tubulares (pipes) sob a superfície. Esse fenômeno ocorre principalmente em solos arenosos (como o da TI Formoso), silto-arenosos ou argilosos estruturados.

O processo erosivo tem causado o carreamento de sedimentos que estão assoreando a gruta que abriga a nascente do córrego Bonitinho (foto abaixo).

Do ponto de vista ambiental, a continuidade desse processo ameaça a estabilidade do solo, acelera a degradação da paisagem e compromete a qualidade da água disponível no entorno. O assoreamento da gruta pode, também, causar alterações irreversíveis no regime hídrico e afetar a biodiversidade associada ao microambiente local.

Sob a perspectiva sociocultural, a gruta possui valor simbólico, histórico e espiritual para o povo indígena, abrigando inscrições rupestres que podem datar de 8.000 anos (foto abaixo), o que a torna um local de importância arqueológica, histórica e científica única na região.

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Erosão subterrânea ameaça estabilidade do solo na TI Formoso e motiva intervenção técnica

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Processo erosivo denominado “piping” resulta em assoreamento em gruta sagrada para a comunidade indígena e compromete a nascente do rio Bonitinho, em Tangará da Serra.

Uma depressão detectada no solo da Terra Indígena do Formoso, a 86 quilômetros de Tangará da Serra, sudoeste de Mato Grosso, está mobilizando uma equipe de especialistas para evitar danos que seriam irreversíveis a um santuário ecológico e de grande valor arqueológico para a região, além de sua relevância simbólico-espiritual para a comunidade indígena local.

O problema foi constatado após a ocorrência de afundamento (depressão) em uma área na cabeceira do rio Bonitinho, afluente do rio Formoso, um dos principais da região.

A falha (foto acima) foi provocada por um processo erosivo denominado “piping”, um tipo de erosão interna do solo causada pelo escoamento subterrâneo concentrado da água, que remove partículas finas do interior do maciço, formando canais tubulares (pipes) sob a superfície. O fenômeno ocorre principalmente em solos arenosos (como o da TI Formoso), silto-arenosos ou argilosos estruturados.

Trabalhos

O projeto de recuperação será coordenado pelo Instituto Pantanal Amazônia de Conservação (IPAC), através do engenheiro agrônomo e especialista em recursos hídricos Décio Eloi Siebert e sua equipe técnica.

Cachoeiras são atração turística da TI Formoso.

O IPAC conta com apoio/parceria da prefeitura de Tangará da Serra. No próximo dia 30 (quinta-feira), IPAC e agentes da prefeitura visitarão a TI Formoso para apresentar à comunidade indígena o projeto a ser executado.

Os trabalhos serão realizados em duas fases. Na primeira, haverá o diagnóstico das causas do processo erosivo, elaboração do projeto de recuperação da área degradada e ações de cunho emergencial. Na segunda fase, haverá trabalhos de drenagem subterrânea e contenção de águas, entre outras medidas de restauração ambiental.

Valor histórico e riscos

O processo erosivo tem provocado o carreamento de sedimentos que estão assoreando a gruta que abriga a nascente do rio Bonitinho.

Do ponto de vista ambiental, a continuidade desse processo ameaça a estabilidade do solo, acelera a degradação da paisagem e compromete a qualidade da água disponível no entorno. O assoreamento da Gruta pode ocasionar, também, alterações irreversíveis no regime hídrico e na manutenção da biodiversidade associada ao microambiente naquela localidade.

Local guarda evidências materiais de ocupações humanas ancestrais, com valor científico, educativo e cultural de alcance universal.

Sob a perspectiva sociocultural, a gruta possui valor simbólico, histórico e espiritual para o povo indígena. Sua degradação não representa apenas a perda de um patrimônio natural, mas também um impacto direto sobre a memória coletiva, os rituais e a identidade cultural da comunidade, elementos protegidos pela Constituição Federal e por convenções internacionais de salvaguarda dos povos originários.

“A gruta abriga inscrições rupestres, o que a torna um local de grande importância arqueológica e histórica, sendo única na região. Ou seja, há sérios riscos a um patrimônio natural fundamental não apenas para a comunidade indígena, mas também para a sociedade em geral”, observa Décio Siebert. Ele destaca, ainda, que o local guarda evidências materiais de ocupações humanas ancestrais, com valor científico, educativo e cultural de alcance universal.

(Fotos: IPAC)

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