Cercada por extensas lavouras onde a vista se perde no horizonte, uma pequena cidade do Alto Teles Pires, em Mato Grosso, figura entre os municípios com maior riqueza média do Brasil. Santa Rita do Trivelato ocupa a sétima posição no ranking nacional de PIB per capita, conforme dados do IBGE referentes a 2023.
Ligada pelas rodovias MT-235 (oeste–leste, a partir da BR-163, proximidades de Nova Mutum) e MT-140 (leste–oeste), a área urbana é modesta e abriga pouco mais de 3,2 mil habitantes em um território de aproximadamente 4,7 mil quilômetros quadrados.
A explicação para os números elevados está na base produtiva. A agropecuária responde por mais de 70% do Produto Interno Bruto municipal, equivalente a cerca de R$ 985 milhões, dentro de um PIB total, a preços correntes, de R$ 1,34 bilhão. Esse desempenho resulta em um PIB per capita de R$ 409.443,67, um dos maiores do país.
Os dados colocam Santa Rita do Trivelato em um grupo normalmente dominado por municípios impulsionados pela extração e refino de petróleo, mineração ou grandes complexos industriais. Em Mato Grosso, porém, o fenômeno é compreendido a partir da força do agronegócio.

Em Santa Rita do Trivelato, a agropecuária responde por mais de 70% do Produto Interno Bruto municipal.
À exceção de Cuiabá e Várzea Grande, os principais polos econômicos do estado têm suas economias sustentadas pelo agro. Municípios como Rondonópolis, Sorriso, Sinop, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Campo Novo do Parecis e Tangará da Serra concentram os maiores PIBs estaduais — entre R$ 5,6 bilhões e R$ 16,5 bilhões — com valores de PIB per capita que variam de R$ 52 mil a R$ 260 mil. (Veja tabela ao final do texto)
Santa Rita do Trivelato integra esse mesmo eixo de geração de riqueza. Mais a oeste, no Chapadão dos Parecis, há um caso semelhante: Campos de Júlio, com população inferior a 10 mil habitantes, registra PIB total de R$ 2,9 bilhões e PIB per capita de R$ 329.299,37, também figurando entre os maiores do Brasil.
O que indica o PIB per capita
O PIB per capita é um indicador que expressa a riqueza média gerada por habitante em determinado território, sendo utilizado como referência de desenvolvimento econômico e potencial de consumo. O índice, no entanto, não reflete a forma como essa riqueza é distribuída entre a população.
Atividades de alto valor agregado — como agronegócio em larga escala, mineração, indústria pesada e a cadeia do petróleo — tendem a gerar volumes financeiros elevados em municípios com baixa densidade populacional, o que resulta em PIBs per capita elevados. Trata-se de um padrão recorrente na economia brasileira.
Municípios com PIB per capita menor, como Tangará da Serra, que registrou R$ 52.635,43, apresentam maior equilíbrio entre os setores produtivos. Quando agropecuária, indústria e comércio/serviços possuem pesos mais próximos na economia local, há maior potencial de distribuição da renda gerada.
Os 10 maiores PIBs per capita do Brasil (IBGE – 2023)
- Saquarema (RJ) – R$ 722.441,52 (extração de petróleo)
- São Francisco do Conde (BA) – R$ 684.319,23 (refino de petróleo)
- Maricá (RJ) – R$ 679.714,48 (extração de petróleo)
- Paulínia (SP) – R$ 606.740,73 (refino de petróleo)
- Presidente Kennedy (ES) – R$ 537.982,68 (extração de petróleo)
- Ilhabela (SP) – R$ 424.535,26 (atividades portuárias e royalties)
- Santa Rita do Trivelato (MT) – R$ 409.443,67 (commodities agrícolas)
- Louveira (SP) – R$ 388.732,46 (indústria e comércio)
- São João da Barra (RJ) – R$ 382.417,42 (extração de petróleo)
- Extrema (MG) – R$ 377.790,63 (indústria e logística)
