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Economia & Mercado

Para CNI, crescimento de 11,4% no faturamento real da indústria é recuperação tímida diante das perdas com pandemia

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Corroborando a avaliação da equipe econômica de que o fundo do poço da crise decorrente da pandemia de Covid-19 ocorreu em abril, o faturamento, as horas trabalhadas e a utilização da capacidade na indústria cresceram em maio. De acordo com os Indicadores Industriais apurados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), no entanto, o emprego e a massa salarial no setor continuaram a cair no quinto mês do ano.

Os dados divulgados nesta segunda-feira mostram que, após o enorme tombo de abril, o faturamento das fábricas brasileiras cresceu 11,4% em maio, já considerando os efeitos sazonais entre os dois meses.

O resultado interrompeu a sequência de quedas no indicador após as paralisações ocorridas em diversas unidades industriais em março e em abril – com retrações de 4,2% e 23,5%, respectivamente.

“É óbvio que a base estava muito deprimida com quedas muito fortes nos meses anteriores. Em situação normal, uma alta dessa magnitude seria para se comemorar muito, mas na verdade é uma recuperação bem tímida diante da perda”, avaliou o economista da CNI Marcelo Azevedo.

Azevedo: “Se pandemia voltar, com passos atrás nas medidas de isolamento social, pode haver um movimento em forma de W no gráfico”.

A retomada em maio, de fato, não significou uma recuperação plena na indústria. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, o faturamento ainda apresentou uma perda de 17,7%. No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, a retração nas vendas do setor foi de 8,1% na comparação com 2019.

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O início da recuperação no faturamento refletiu nas horas trabalhadas nas fábricas, que cresceram 6,6% em relação abril, considerando o ajuste sazonal. Com isso, a utilização da capacidade instalada na indústria chegou a 69,6% em maio, alta de 2,6 pontos porcentuais em relação ao mês anterior (67,0%).

Da mesma forma que o faturamento, a evolução desses indicadores em maio ficou aquém do registrado no mesmo mês do ano passado. No caso das horas trabalhadas, ainda houve uma retração de 18,4%, enquanto a utilização da capacidade instalada ficou 8,5 p.p. abaixo dos 78,1% de maio de 2019.

“Ainda é cedo para cravar uma recuperação em forma de V. Imaginamos um V mais aberto. Ainda há incertezas muito grandes. Se pandemia voltar, com passos atrás nas medidas de isolamento social, pode haver um movimento em forma de W no gráfico. Não é o nosso principal cenário, mas não podemos descartar”, acrescentou o economista.

Emprego

Apesar dos indicadores de produção esboçarem um começo de recuperação no setor em maio, a indústria continuou demitindo no período, ainda que em um ritmo menor. Os dados da CNI mostram uma retração de 0,8% no emprego na comparação com abril. Em relação a maio de 2019, a queda foi de 4,7%.

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“O mercado de trabalho sempre tem certa defasagem, tanto nos bons como nos maus momentos. Os empresários precisam ter mais certeza sobre a tendência da produção antes de tomarem decisões sobre o emprego. Confirmando a recuperação da atividade em junho, isso vai se refletir de uma forma mais forte nas vagas de trabalho”, projeta Azevedo.

A massa salarial real na indústria recuou 8,1% em relação a abril e 15,4% na comparação com maio de 2019. A queda no rendimento médio real no setor foi de 6,5% no mês e de 11,3% no comparativo anual.

Azevedo lembra que ambos os indicadores são influenciados pela alta da massa salarial nos meses anteriores causada pelo pagamento de indenizações nas demissões efetuadas. Além disso, há as medidas de redução de jornadas e salários autorizadas pelo governo na pandemia.

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Colheita estrangulada e logística insuficiente encarecem frete em até 73,9% no MT

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Mato Grosso deve colher 47 milhões de toneladas de soja na safra atual. Em meio a esse volume de grãos, o atraso na colheita em razão das chuvas reflete diretamente no fluxo do escoamento.

A colheita está acelerada, aproveitando as janelas de sol para o trabalho das máquinas nas lavouras. Aí é que vem o problema, na medida em que o estrangulamento da colheita encarece o frete em até 70% em algumas rotas a partir de Mato Grosso e esse ritmo de alta deve seguir nesse mês de fevereiro, segundo especialistas do setor.

Mato Grosso ainda depende muito do modal rodoviário e há poucas opções de ferrovias e praticamente nada de hidrovias. Para agravar o cenário, não há caminhões suficientes para atender a demanda, o que catapulta o preço do frete. Por exemplo, na rota Sorriso-Santos o preço do frete por tonelada subiu de R$ 330,00 para R$ 340,00 em janeiro e, agora, em fevereiro, se aproxima de R$ 500,00. Especialistas preveem que para essa rota o prelo do frete/tonelada chegue a R$ 600,00 ainda nesse mês.

Colheita apertada integra cenário de alta nos preços do frete em Mato Grosso.

Para transportar a soja de Sorriso a Rondonópolis, em 15 dias o frete subiu de R$ 118/tonelada para R$ 205/tonelada. Ou seja, um aumento de 73,7%. Outra opção para descarregamento da soja em trens, na rota Querência-Rio Verde(GO), o frete teve alta semelhante, de 73,9%, saltando de R$ 138/tonelada para R$ 240/tonelada.

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Outro gargalo é a insuficiência do sistema de armazenagem, cuja capacidade é de 65% da safra, incluindo as próprias fazendas, as cerealistas, empresas e tradings. O governo, por sua vez, não contribui para uma solução, ainda que disponibilize linhas de crédito para a estocagem nas propriedades através do Plano de Construção de Armazéns (PCA).

Mesmo com disponibilização de R$ 3,3 bilhões pelo PCA a juros anuais de 7% e R$ 4,5 bilhões para armazéns maiores com juros de 8,5% ao ano, o prazo de apenas 10 anos para pagamento são muito curtos para o tamanho dos investimentos.

Por fim, o diesel subiu R$ 0,22/litro nas refinarias. Vale lembrar que o combustível responde por 50% do custo do frete.

As altas verificadas no frete recaem, também, no preço dos fertilizantes.

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