A vaga aberta no Senado Federal pela cassação da juíza aposentada Selma Arruda por caixa dois e abuso do poder econômico já provoca ebulição no ambiente político de Mato Grosso.
Depois do governador Mauro Mendes (DEM) ingressar com pedido de liminar no TSE pedindo a posse do terceiro colocado na disputa pela senatoria em 2018 – Carlos Fávaro (PSD), chegou a vez de lideranças entrarem em rota de colisão nestes últimos dias. E a bronca estaria entre a cúpula estadual do PP (onde se inclui o ex-ministro, ex-governador e ex-senador Blairo Maggi), envolvendo caciques do DEM e do MDB.
Durante visita política a Tangará da Serra, o deputado federal Neri Geller, presidente estadual do Partido Progressista (PP), confidenciou ao Enfoque Business que considera a possibilidade de ser candidato à vaga aberta pelo impedimento de Selma Arruda. “Deixo meu nome à disposição, sim, mas se for numa conjuntura bem estruturada”, disse.
Geller terá de dar explicações a Blairo por participação em reunião suprapartidária.
Neri Geller integra um grupo político que articula a apresentação de um nome para disputar a vaga aberta no Senado Federal pela cassação de Selma Arruda. O grupo tem sua base em Cuiabá e é composto pelo prefeito da capital, Emanuel Pinheiro (MDB), pelo senador Jaime Campos (DEM), pela prefeita de Várzea Grande Lucimar Campos (DEM), além do próprio Neri Geller e pelo colega de Câmara Federal Emanuel Pinheiro Neto, o Emanuelzinho, do PTB. O deputado estadual Max Russi (PSB) também participa do grupo.
No início da semana, Blairo Maggi disse à imprensa da capital que cobrará explicações de Neri Geller pela participação na reunião suprapartidária liderada pelo prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) e pelos irmãos Jayme e Júlio Campos – ambos do DEM – na semana passada.
Maggi não teria gostado do tom da conversa do grupo, que pretende definir uma candidatura ao Senado representando a Baixada Cuiabana através de uma pesquisa de intenção de voto. “Acompanhei pela imprensa e o que li não gostei. (…) Querem montar uma candidatura contra os tubarões. Quem são esses tubarões? Querem combater o que?”, questionou Blairo, que se encontra fora da capital mato-grossense.
Blairo não gostou do que leu na Imprensa e pedirá explicações a Geller.
Segundo Maggi, qualquer aliança entre partidos deve buscar aglutinar e não dividir. “Começaram errado, porque na política o melhor é construir a unidade, a convergência, e pelo que li não é esse o objetivo”.
Blairo também questionou o fato da participação do PP no grupo e com a inclusão do nome de Geller na pesquisa. “Primeiro, é que até onde sei, não houve nenhuma reunião para deliberar se devemos ou não fazer parte daquela aliança. E outra, que além do Neri – que tem todo o direito de querer ser candidato – temos o nome da Margareth Buzetti no partido, que quer disputar o Senado também. Então precisamos definir isso antes de pensar em qualquer aliança”.
Maggi deverá solicitar uma reunião do PP para iniciar as discussões da disputa ao Senado. Neri Geller, que é o presidente estadual da sigla, deverá convocar o encontro ainda em janeiro. O ex-ministro deverá expor sua opinião, mas deverá se abster de ter a palavra decisiva. Isso porque dois de seus afilhados políticos também avaliam disputar a eleição suplementar, casos do seu ex-suplente, Cidinho Santos (PL) – que assumiu o mandato no Senado enquanto Maggi foi ministro – e seu compadre Adilton Sachetti, pelo PRB. Para evitar desgaste dentro do PP, Maggi deverá deixar a decisão do partido em lançar uma candidatura ao senado ou compor com outros partidos para a executiva estadual.