A apresentação do Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB), no último dia (sexta,08) do 2º Fórum Municipal de Saneamento Básico e Educação Ambiental trouxe algumas informações surpreendentes relacionadas a Tangará da Serra.
A gestão dos resíduos sólidos é um dos quatro eixos do PMSB, ao lado do abastecimento de água, tratamento de esgoto e drenagem de águas pluviais. Uma informação que causou surpresa – tanto nos presentes como na própria equipe da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) que realizou os estudos – está relacionada à produção de resíduos pela população local.
Das 79 toneladas produzidas diariamente pelos tangaraenses, nada menos que 41 toneladas são de lixo orgânico, o que significa mais da metade – 51,9% – do volume gerado. “Destas 41 toneladas, 90% pode ser destinado a compostagem”, disse o professor e pesquisador da UFMT Aldecy de Almeida Santos, coordenador dos estudos. Ou seja, praticamente 37 toneladas – 46,8% do volume total – poderiam virar adubo de excelente qualidade.
Para Aldecy, a proporção de lixo orgânico em relação ao total de resíduos que todos os dias são produzidos em Tangará da Serra tem vários significados.
Para Aldecy, a proporção de lixo orgânico em relação ao total de resíduos que todos os dias são produzidos em Tangará da Serra tem vários significados. “Pode gerar emprego e renda, mas as vantagens vão além”, disse, em conversa com o Enfoque Business, enumerando alguns tópicos.
Em primeiro lugar, o lixo orgânico pode ser convertido em adubo a ser utilizado pelo município e até mesmo comercializado a um custo relativamente baixo, caso seja produzido no sistema cooperativo. Neste aspecto se encaixaria a Cooperativa de Produção de Material Reciclável de Tangará da Serra (COOPERTAN).
Em segundo lugar, o aproveitamento de lixo orgânico para compostagem aliviaria a carga no Aterro Sanitário, aumentando a vida útil do destino final. E, em terceiro lugar, a destinação do resíduo orgânico resultaria na diminuição do passivo ambiental da cidade ao reduzir a emissão de gás metano (causador do efeito estufa) e, também, na diminuição do uso de adubos químicos no meio ambiente.
O grande volume de lixo orgânico pode significar, também, um desperdício considerável de alimentos na cidade. As sobras da Feira do Produtor, tanto no Centro como na Vila Alta e em outros bairros, revelam este aspecto.
Números
Com 103 mil habitantes (IBGE), Tangará da Serra produz diariamente 79 toneladas de resíduos sólidos. Além das 41 toneladas em lixo orgânico, a população tangaraense produz diariamente 14 toneladas de entulho e outras 21 toneladas de material reciclável. A média per capita de produção de resíduos em Tangará da Serra é de 0,86 kg/habitante/dia.
Aproveitamento de lixo orgânico para compostagem aliviaria a carga no Aterro Sanitário, aumentando do destino final.
Avaliação
O professor Aldecy avalia como “muito boa” a gestão de resíduos sólidos em Tangará da Serra. “O aterro sanitário é referência, restando apenas algumas licenças dos órgãos ambientais”, disse o pesquisador.
A destinação dos resíduos para aterro sanitário é uma das “forças” do sistema na cidade, ao lado da coleta seletiva e do índice de 98% de cobertura da coleta de lixo na área urbana. A existência de ecopontos e o serviço de limpeza urbana também são apontados como aspectos positivos.
Porém, há limitações, como a situação legal do aterro sanitário, para o qual o município ainda busca licenciamento para operação. Aldecy apontou para problemas como a existência de bolsões de lixo, segregação de resíduos na coleta seletiva, insuficiência do tratamento de chorume no período chuvoso e ausência de recuperação/mediação do local do antigo lixão. (ver foto)
As limitações refletem, justamente, nas prioridades imediatas e estabelecidas para curto, médio e longo prazos no município (ver foto).