Ex-governador Silval Barbosa diz que “deixou” R$610 milhões ao entregar cargo a Taques (PSD). Silval prestou depoimento à CGE sobre esquema de propinas em secretaria.
ex-governador, Silval Barbosa, disse que situação de Mato Grosso piorou após administração de Pedro Taques (PSD). Para ele, Taques (PSD) finalizará mandato deixando estado pior do que quando foi eleito.
A afirmação foi feita por Silval em coletiva com repórteres após o ex-governador prestar depoimento na Sede da Controladoria Geral do Estado (GCE), em Cuiabá, como parte de investigação em contratos irregulares entre a Secretaria Estadual de Pavimentação Urbana (Setpu) e empresas de terraplanagem e construção de estradas.
Sobre ter deixado apenas R$25 mil em caixa entre a transição de seu mandato para o do atual governador, Silval afirmou que Taques “já entrou mentindo”.
De acordo com ele, cerca de R$4 bilhões em recursos do governo dele foram deixados para investimento no mandato de Taques (PSD).
“Ele [Taques] diz que deixei apenas R$ 25 mil em caixa. Apresentei dia 30 de dezembro e no dia seguinte deixei, só na conta do Banco do Brasil, R$610 milhões”, explicou.
Quando questionado sobre a atual situação política e financeira de Mato Grosso, Silval afirmou que Taques (PSD) deixará o estado pior do que quando iniciou seu mandato, em 2015.
Sobre sua administração, Silval afirmou que o fato de ter se sujeitado a corrupção comprometeu o avanço em obras de Cuiabá, por exemplo.
“Tive a oportunidade de fazer muito por Mato Grosso com a relação que construí com o Governo Federal. Infelizmente me sujeitei por extorsão e por propinas exigidas a mim. Me sujeitei a ceder”, disse. Para ele, algumas obras na região metropolitana não foram finalizadas por não dependerem apenas dele.
“Todas as obras foram feitas e se não fossem essas obras, hoje o trânsito de Cuiabá seria um caos. Construí cerca de 60 projetos e algumas obras ficaram sem acabar”, avaliou.
Silval também citou a construção do novo Pronto Socorro de Cuiabá como uma das poucas obras importantes realizadas pelo governo Taques (PSD) na região metropolitana.
A obra é uma parceria entre Governo e Prefeitura e foi orçada em R$80 milhões. A previsão era de que a obra fosse entregue no primeiro semestre deste ano.
“Já divulgaram duas ou três datas de entrega, mas está em atraso e pelo jeito não vai entregar esse ano. Nesse caso o próximo deve concluir, assim é o Governo”, disse.
De acordo com ele, uma série de fatores impede que todos os projetos sejam realizados durante os quatro anos de mandato.
“Não é possível por sérios motivos, como falta de recursos, problemas e licitações e tudo mais. Assumi várias obras [do governo anterior], comecei o Hospital Julio Muller e deixei dinheiro na conta, mas a obra está paralisada e não é prioridade”, explicou.
Propina nas patrulhas rodoviárias
A oitiva é parte de um processo instaurado pelo órgão para investigar supostas irregularidades em contratos entre a Setpu e empresas de terraplanagem e construção de estradas.
Segundo a CGE, os contratos com a Trimec Construções e Terraplenagem Ltda e a Strada Construtora e Incorporadora Ltda foram firmados em 2011, ano em que Silval era governador.
Em trechos da delação do ex-governador firmada com o Superior Tribunal Federal de Justiça (STF), Silval afirma divergências nos contratos e uso do programa de manutenção das estradas para desvio de recursos públicos.
Uma auditoria realizada pela CGE apontou diversas irregularidades nos acordos, além de constatar cláusulas descumpridas por parte das empresas.
Em janeiro deste ano, Silval foi ouvido pela CGE para esclarecer irregularidades cometidas no governo dele em contratos com mais de 100 empresas.
Essa, porém, é a primeira vez que Silval presta depoimento sobre o esquema de propinas na Setpu.
O órgão verificou também que os contratos foram aditivados em 18,17% e 21,10%, sem justificativa plausível, 3 meses após o início da vigência, passando de R$35 milhões para R$41,5 milhões.
Fonte: Muvuca Popular