Uma série de declarações de uma ministra à imprensa deixou clara a negligência do governo de Luís Inácio Lula da Silva com as contas públicas do País. Ontem (terça, 15), a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou em tom grave que “chegou a hora de levar a sério” a revisão de gastos públicos no Brasil.
A afirmação aconteceu logo após reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). Tebet afirmou que o governo federal pretende apresentar medidas ao Congresso Nacional, para que sejam votadas ou tenham discussões iniciadas ainda neste ano, e argumentou que serão iniciativas “justas” e “palatáveis”.
Ou seja, está evidente que nem mesmo ministros estão satisfeitos com o modelo de gestão de Lula na União. Quase que diretamente, Tebet atestou que as metas fiscais do governo – tão propaladas no final do primeiro ano de gestão de Lula (2022) – nem de longe estão sendo cumpridas, à contramão do arcabouço fiscal, aprovado no ano passado pelo Congresso. “Chegou a hora de levar a sério a revisão de gastos… não é possível mais apenas pelo lado da receita resolver o fiscal”, disse Tebet.
A ministra apontou, em sua fala, a irresponsabilidade do governo Lula com algumas políticas públicas e expôs dúvidas sobre a lisura de alguns setores do governo federal, e que programas sociais serão repensados, identificando possíveis fraudes e promovendo uma revisão estrutural nos gastos. “Temos alguns debates interditados, como salário mínimo, aposentadoria acompanhando a valorização do salário mínimo”, ponderou.
Tebet declarou, ainda, que ela e Haddad autorizaram a equipe a colocar propostas no papel. Porém, mencionou alguns ‘gargalos’ na própria estrutura do governo. “O segundo momento é fazer essas medidas chegarem à mesa do presidente Lula”, disse, como se isso fosse um desafio completar esse caminho até o gabinete presidencial. Logo em seguida, contemporizou: “Estamos otimistas de que esse pacote terá condições de avançar na mesa do presidente… ideia é, logo após o segundo turno, conversar com o presidente Lula”, completou a ministra.
Contrasenso
“Chegou a hora de levar a sério…” Estas palavras de Simone Tebet revelam um paradoxo entre a realidade financeira do governo federal (com seus recordes de arrecadação) e a capacidade de gestão de Lula e sua equipe.
É preciso considerar que o Brasil bateu recorde de arrecadação em 2023, somando R$ 2,318 trilhões. Em relação ao ano anterior, houve um aumento real de 1,02%.
A arrecadação federal também teve um bom desempenho no primeiro semestre de 2024, com um crescimento de 9,08% em relação ao mesmo período de 2023. Em junho, a receita alcançou R$ 208,8 bilhões, um recorde para o mês.
O que mais chama atenção é que o governo enaltece esses recordes de impostos arrecadados citando medidas como: aumento da massa salarial; tributação de fundos de investimento exclusivos e offshore; retorno da tributação do PIS/Cofins sobre combustíveis, aumento do volume das importações e a abertura de novos mercados para exportações.
Mesmo com toda essa condição favorável do País em termos de receitas, o governo se vê às voltas com o aumento de gastos de sua própria equipe. Hora de repensar – e levar a sério – o corte de gastos astronômicos como as viagens luxuosas de Lula com a companhia de Janja, a aquisição de um novo jato presidencial (o presidente petista quer escolher um novo avião presidencial ainda neste ano), os gastos exorbitantes com reformas em estruturas físicas, o inchaço da estrutura organizacional transformando o governo num cabide de empregos para correligionários que, em sua maior parte, sequer sabem o que estão fazendo em seus cargos… Entre outros absurdos que ocorrem nesta gestão, no Palácio do Planalto e em suas extensões nos estados.
(Redação EB, com informações de Infomoney e, G1 e CNN)