Tangará da Serra e Sorriso estão entre os 100 municípios mais violentos do Brasil. É o que diz a edição desse ano do Atlas da Violência, divulgada ontem (terça, 18) pelo Ipea, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Sorriso, localizado no Médio Norte de Mato Grosso, é o que desponta nesse cenário tenebroso, aparecendo na 7ª posição entre as cidades mais violentas do país com uma taxa de 70,5 homicídios por 100 mil habitantes. O parâmetro de Sorriso está muito acima das taxas das capitais da região, todas abaixo de 20 homicídios por 100 mil habitantes. Cuiabá, por exemplo, apresentou uma taxa de 15,2.
A região Sudoeste do estado também aparece entre as mais violentas. Tangará da Serra, que aparece na posição de número 89 no ranking entre as 100 cidades brasileiras mais violentas, com uma taxa de 34,8 homicídios para cada 100 mil habitantes.
Este cenário de violência em Tangará da Serra é retratado em episódio na semana passada (foto acima), em que quatro criminosos com extensa ficha criminal foram mortos, na noite de segunda-feira (10), durante uma ação da Força Tática da Polícia Militar no atendimento a uma ocorrência de assalto contra nove pessoas que provavelmente seriam executadas. Outras cinco pessoas foram presas na ação, que aconteceu no Jardim Tarumã no início da noite, após denúncia anônima de populares.
Mato Grosso e a fronteira
Pertencente à região da Amazônia Legal e localizado na fronteira com a Bolívia, o estado do Mato Grosso possui posição estratégica para a entrada da droga no território nacional, e por isso é palco de confrontos entre as maiores facções criminosas do Brasil, PCC e CV.
Em 2022, o estado inverteu a tendência de queda de anos consecutivos da taxa de homicídios estimados e teve um aumento de 18,0% em relação ao ano anterior – o maior aumento entre as unidades da Federação. Efetivamente, 2022 foi um ano de grande movimentação entre os grupos criminosos.
A hegemonia do CV no estado – principalmente na zona de fronteira com a Bolívia, tendo a cidade de Cáceres (61,3) como a principal referência – foi ameaçada com a entrada do PCC na região do meio-norte. Esse grupo sempre atuou nessa região, mas não tinha o domínio da rota rodoviária para escoar a droga para São Paulo e Paraná, que passa por Sorriso (MT). Devido aos conflitos, membros do CV deixaram a facção e criaram a Tropa Castelar, que se aliou ao PCC no final do ano. Essa dinâmica levou o município de Sorriso (70,5) à sétima colocação no ranking de taxa de homicídios (entre municípios com mais de cem mil habitantes) e trouxe altíssimos índices também para Aripuanã (93,4) e Colniza (62,1), todos no Norte Mato-grossense.
Já no Sudoeste do estado, sobressalta-se o município de Barra do Bugres (68,0), cenário de chacinas e mortes muito violentas inclusive em ações policiais.
Na sequência, a íntegra do Atlas da Violência 2024:
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