Com mil e 200 focos de calor em 14 dias, Mato Grosso lidera o ranking de estados com maior índice de queimadas, segundo uma análise do Inpe, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Tangará da Serra, no Sudoeste, é um dos municípios com mais registros, atrás somente da região do Pantanal.
De acordo com o Programa de BDQueimadas, desde o início do ano até 11 de junho, mais de 28 mil focos foram registrados no Brasil, sendo sete mil e 400 somente em Mato Grosso.
Especialistas apontam que o calor fora de época e a ação humana têm potencializado o grande número de queimadas.
Este é o 4° mês seguido que o estado lidera o ranking de estados com maior índice de queimadas.
Se comparado com o mesmo período do ano passado, quando foram registrados pouco mais de quatro mil e 200 focos, o aumento foi de 76,19%.
Tangará da Serra é um dos municípios que mais registram queimadas nesse ano de 2024.
O Pantanal já registrou o maior número de focos de incêndios para um mês de junho de toda a série histórica do Inpe, iniciada em 1998. São mais de 730 focos de queimadas somente no bioma.
Imagens de satélite do ICV, Instituto Centro de Vida, que foram divulgadas nesta quarta, mostram duas frentes de fogo na região do Pantanal, em Poconé, e na divisa com Cáceres.
Ainda conforme o Programa de Queimadas, os quatro municípios que acumularam mais focos de fogo nos 10 primeiros dias de junho no Brasil são do Centro-Oeste, sendo três de Mato Grosso.
O maior número de focos foi registrado em Corumbá, no Mato Grosso do Sul, com 415 focos. Depois vem Tangará da Serra, com 92 focos, Feliz Natal, 81 focos e Poconé que registrou 80 focos, todas em Mato Grosso.
Estratégia
O comitê estratégico e operacional multiagências, a Sala de Situação Central (foto abaixo), apresentou, nesta sexta-feira (14.06), o efetivo e resultados das ações preventivas, em antecipação ao período proibitivo do uso do fogo e em razão da estiagem severa que Mato Grosso tem enfrentado nos últimos meses.
Segundo a secretária de Estado de Meio Ambiente, Mauren Lazzaretti, “o objetivo é somar esforços com os órgãos públicos e sociedade para evitar grandes desastres em um ano que será de desafios enormes em razão da escassez hídrica, altas temperaturas e ventos fortes, características que são favoráveis aos incêndios”.
A estratégia inclui o mapeamento das pistas de pouso na região do Pantanal e dos pontos de captação de água para apoio às ações de resposta aos incêndios florestais, realizado pela Defesa Civil. As equipes do órgão também fizeram vistorias técnicas para conferir as condições de tráfego na Transpantaneira, para o apoio logístico durante o período proibitivo, e reuniões com os proprietários de hotéis e pousadas na região para a articulação de ações integradas.
Sob coordenação da Diretoria Operacional do Corpo de Bombeiros, a Sala de Situação integra os órgãos do Estado com entidades federais e privadas, com objetivo de fortalecer as ações de combate aos incêndios florestais no Estado.
Fazem parte do comitê as Secretarias de Estado de Meio Ambiente, Segurança Pública, Infraestrutura e Logística e Saúde, Casa Civil e Defesa Civil. Também são convidadas a participar o Exército Brasileiro, Marinha do Brasil, Força Aérea Brasileira, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente, Instituto Chico Mendes de Biodiversidade, Fundação Nacional do Índio, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes, Agência Brasileira de Inteligência, Sesc Pantanal, Nova Rota do Oeste e outras organizações não governamentais.
Números preocupam
Em 2024, o Pantanal já tem o 2º maior índice de incêndios desde 2010, atrás apenas de 2020, quando o fogo consumiu 26% do bioma. No decorrer do ano, o Pantanal atravessa dois períodos: o do fogo e o da água. Neste ano, a temporada das chamas, que começaria em julho, chegou mais cedo e com força: em Mato Grosso do Sul e no Mato Grosso, os focos de incêndio nos seis primeiros meses de 2024 aumentaram 1025% se comparados ao mesmo período de 2023. Enquanto isso, o rio Paraguai, que é principal bacia do bioma, já registra seca recorde: está mais de 2 metros abaixo da média. Em Mato Grosso do Sul (onde está 60% do Pantanal no Brasil) foram registrados 698 focos, entre janeiro e junho de 2024. No ano passado, foram 62 no mesmo período. Em Mato Grosso (onde fica 40% do bioma), foram 495 focos de incêndio em 2024, contra 44 em 2023.
Os dados são do Programa de BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e também revelam que, em 2024, o Pantanal já tem o 2º maior índice de incêndios desde 2010, atrás apenas de 2020, quando o fogo consumiu cerca de 4 milhões de hectares — o equivalente a cerca de 26% do bioma (veja o gráfico abaixo): Especialistas explicam que o período das chamas no Pantanal, que seria entre os meses de julho e agosto, pode durar até seis meses. Porém, neste ano, o fogo chegou mais cedo, e a seca também.
(Redação EB, com agências e Corpo de Bombeiros)