O Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso (Sindjor-MT) criticou a recomendação do Ministério Público Estadual (MP-MT) que pede a suspensão da vacinação de jornalistas em Cuiabá. Nesta terça-feira (1º), o promotor da 7ª Promotoria de Justiça Cível, Alexandre de Matos Guedes, alegou que a categoria não contempla no Plano Nacional de Operacionalização (PNO) da Vacinação contra a Covid-19.
Segundo o sindicato, o pleito pela vacina considerou, sobretudo, os decretos do presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) e do governador Mauro Mendes (DEM) que incluem a imprensa na lista de serviços essenciais.

Perenha: “Os jornalistas estão na linha de frente no exercício da função, sendo inclusive, superdisseminadores do contágio da Covid-19”. (Foto: O Estado de Mato Grosso)
Além disso, a entidade, por meio do presidente Itamar Perenha, apontou que os jornalistas estão na linha de frente no exercício da função, sendo inclusive, “superdisseminadores” do contágio da Covid-19.
“A classe é uma das mais contaminadas, chega a se contaminar, em algumas circunstâncias, mais do que grupos de saúde. A decisão do prefeito atendeu uma dinâmica da disseminação da doença. Tecnicamente e juridicamente a imunização está correta e não tem o porquê não fazer aplicação”, disse.
Um levantamento realizado pelo Sindjor entre 3 de abril a 17 de maio deste ano, com 140 profissionais, aponta que 55% dos jornalistas foram contaminados pela Covid-19. Pelo menos, 28% dos entrevistados disseram contrair a doença no ambiente de trabalho e pautas externas. Cerca de 37% não sabia especificar onde contraíram a doença, mas não descartavam relaçao com o exercício do jornalismo.
“Como os jornalistas estão em várias pautas e têm muito contato interpessoal por força do ofício, acabam difundindo mais a contaminação, como sendo vítimas também da doença. A contaminação é muito alta na nossa categoria. Se você comparar com outras categorias de profissionais, fomos um dos mais atingidos. Exceto, talvez, o pessoal da área da saúde na primeira etapa quando não estavam vacinados”.
Itamar afirmou que o sindicato levantou as informações de todos os jornalistas que exercem a profissião na Capital, bem como coletou os dados e o registro profissional (DRT) para comprovação do exercício da função. Ele diz que os dados estão à disposição do Ministério Público.
“Diferentemente de um promotor que pode trabalhar em home office. Não estou dizendo que ele não deve se proteger, é legítimo e lúcido que ele se proteja. O Ministério Público tem que avaliar isso”, ressalta.
“O sindicato vai continuar pleiteando que seus profissionais sejam vacinados. É o nosso direito como entidade representativa de fazer isso e nós não vamos abrir mão desse direito”, completou.
Cenário nacional
De acordo com dados da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o Brasil é o 1º país com maior número de jornalistas mortos por Covid-19. Desde 2020, 169 jornalistas morreram pela doença. O levantamento apontado pela categoria revela que apenas no mês de março deste ano, foram registrados 47 mortes.
Sobre a notificação
No dia em que se comemora o Dia da Imprensa, o Ministério Público solicitou a suspensão da vacinação dos jornalistas, além de que o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) apresente os critérios técnico-científicos para a inclusão de novos grupos prioritários para a vacinação, em momento anterior ao início da respectiva imunização. Segundo o promotor, a inclusão de novos grupos prioritários que não estão no PNO viola o princípio da equidade. Guedes citou como exemplo a inclusão dos profissionais da comunicação, assistência social e demais categorias que estão sendo vacinadas na Capital.
“Embora se reconheça a importância da atividade dos profissionais de comunicação e da assistência social, há outras categorias igualmente relevantes não contempladas no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 (PNO), vulnerando o princípio da equidade do Sistema Único de Saúde”, afirmou o promotor de Justiça.
Enfatiza ainda que “o uso de imunizantes em categorias não contempladas nos planos nacional e estadual podem gerar prejuízo futuro aos cidadãos inseridos ou a inserir nas categorias prioritárias seja na primeira ou na segunda dose, em face da escassez de imunizantes e da imprevisibilidade concreta de seu fornecimento”, disse.
(Fonte: Wellyngton Souza – HiperNotícias)