Depois de 10 em projeto, a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico) terá suas obras efetivamente iniciada dentro de 60 dias. É o que diz a imprensa do centro do país, segundo publicado na editoria de Economia do Estado de São Paulo.
Segundo a publicação, os primeiros dormentes da Fico “serão lançados sobre o solo daqui a dois meses”, com as obras sendo iniciadas na cidade de Mara Rosa, em Goiás, onde os trilhos vão se conectar à malha da Ferrovia Norte-Sul, que já está em operação.
De Mara Rosa, a Fico avançará rumo a Mato Grosso, em um trajeto de 383 quilômetros, até chegar ao município de Água Boa (MT), na região do Vale do Araguaia.
Execução
A executora das obras – como já é de conhecimento geral – é a mineradora Vale, que assinou um contrato com o governo no fim do ano passado para investir R$ 2,73 bilhões na Fico, no prazo de quatro anos estimado para sua conclusão.
A decisão do governo de permitir que as atuais concessionárias de ferrovias do País façam a renovação antecipada de seus contratos foi fator determinante para que a empresa e o Ministério da Infraestrutura firmassem o acordo.

De Mara Rosa, a Fico rumará para Mato Grosso, em um trajeto de 383 km, até chegar ao município de Água Boa.
Assim, a proposta, que era estudada desde 2017, autoriza que concessões de 30 anos realizadas na década de 1990 – e que só venceriam entre 2026 e 2028 – sejam renovadas agora, por mais 30 anos. As empresas, como contrapartida, se comprometem a expandir as malhas onde já atuam, além de fazerem o chamado “investimento cruzado”.
Conforme publicado pelo ‘Estadão’, a Vale concordou em fazer a obra, após conseguir autorização para renovar antecipadamente duas concessões já operadas por suas empresas de logística, a Estrada de Ferro Vitória-Minas, na Região Sudeste do País, e a Estrada de Ferro Carajás, no Maranhão. Quando a empresa terminar a obra, entregará o empreendimento para o governo, que vai fazer leilão para conceder a operação da ferrovia a qualquer companhia interessada em atuar no traçado.
Com os recursos da União completamente esgotados, esses acordos se transformaram em um atalho para levar os projetos adiante, com expansão e renovação da malha logística. Além de ter um novo ativo sob seu controle, a União ainda pode arrecadar alguns bilhões com o leilão de sua concessão.
“Como a Fico já tem licença de instalação para todo seu traçado, está tudo pronto para começar as obras. A gente acredita que, em maio, já serão dadas as primeiras ordens de serviço”, disse ao Estadão o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas.
Obras
Por meio de nota, a Vale confirmou que já deu início às atividades relacionadas à pré-implantação da obra, com ações de sondagem de campo, desenvolvimento do projeto executivo e contratação de empresa de engenharia. “Em paralelo, a companhia aguarda a emissão da posse de terra referente aos 30 quilômetros iniciais da ferrovia, sob responsabilidade do governo federal, para iniciar a etapa seguinte do empreendimento, voltada à construção da infraestrutura da via férrea”, declarou.
O novo ramal ferroviário deve ajudar a reduzir um pouco a pressão sobre as duas principais vias de escoamento de grãos de Mato Grosso, as Rodovias BR-163 e BR-158. Neste ano, a exemplo do que sempre ocorreu com a BR-163, a BR-158 ganhou o noticiário nacional, com seus trechos de lama e filas intermináveis de caminhões atolados.
Modal
Hoje, as ferrovias respondem por cerca de 15% do transporte de cargas do País. A atual meta do Plano Nacional de Logística – que tem grande chance de ser comprometida por causa da incapacidade de investimentos do governo – é de que essa participação chegue a 30% até 2025. O Brasil direciona entre 0,6% e 0,8% de tudo aquilo que produz anualmente para o setor de transportes. Para melhorar minimamente as condições da logística atual, teria de ampliar essa fatia para 2,5% do PIB.
(Com informações de ‘O Estado de São Paulo’)