Em Tangará da Serra e em Mato Grosso não haverá paralisação dos caminhoneiros. Quem afirma é o presidente da Associação dos Proprietários de Caminhões de Transporte (APCTTS), Edgar Laurini.
No restante do estado, a greve também não receberá adesões, segundo informou a Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Autônomos (Abrava) e a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA). As entidades afirmam que não aderiram à paralisação iniciada em alguns estados do país na manhã desta segunda-feira (01).
Posicionamento
Tanto a APCTTS como a ABRAVA e a CNTA entendem que não é momento para uma paralisação em razão da pandemia e da safra de grãos, cuja colheita está em andamento nas lavouras em todas as regiões de Mato Grosso.
O presidente da Abrava, Wallace Landim, um dos principais líderes da greve de caminhoneiros de 2018, reconheceu que a categoria não pode ficar de “braços cruzados” e precisa reivindicar as conquistas do movimento anterior, em 2018, mas argumentou que a manifestação atual ganhou cunho político e está polarizada, com parte defendendo o presidente Jair Bolsonaro e outra parte contrária. “Uns estão focando na questão da eleição na Câmara e no Senado. Outros estão contra os governadores”.

Caminhoneiros de Mato Grosso não abrem mão da responsabilidade na safra de grãos.
Já o presidente da APCTTS, Edgar Laurini, destaca que em Mato Grosso os caminhoneiros têm compromisso com os produtores rurais neste momento de colheita da soja. “São os caminhoneiros autônomos que vão lá na lavoura buscar a soja para levar aos secadores. Não podemos deixar de lado esta responsabilidade”, diz Laurini.
O líder tangaraense dos caminhoneiros afirma, ainda, que a categoria não compactua com o pensamento do presidente do Conselho Nacional dos Transportes Rodoviários de Cargas (CNTRC), Plínio Dias, de Curitiba. Ele é o principal líder da paralisação que ocorre no Paraná e em São Paulo. “O Plínio não nos representa, e sim a CNTA, que é contra a paralisação”, afirma.
Pleitos
Greve à parte, a Abrava cobra o cumprimento do piso mínimo do frete e o julgamento sobre o assunto no Supremo Tribunal Federal (STF) e mantém diálogo com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, para que o presidente Jair Bolsonaro solucione a questão dos preços de combustíveis.
Outra reivindicação é a isenção do PIS/Cofins e da Cide, além de outra redação para o projeto BR do Mar, para impedir favorecimento de empresas estrangeiras e consequentes prejuízos para caminhoneiros autônomos e a concentração de mercado.
Já para a CNTA, o assessor executivo, Marlon Maues, reconheceu que existe uma insatisfação da categoria, mas disse que a paralisação deveria ser o último recurso para pleitear interesses, já que há uma agenda positiva junto ao governo há dois anos, com 18 pontos itens e reuniões quinzenais ou mensais com o ministério da Infraestrutura para estender e destravar a contratação do trabalhador autônomo.
A CNTA é a entidade máxima constituída para defender a categoria autônoma, que a entidade calcula somar mais de 1 milhão de trabalhadores. A entidade, que defende a redução do CMS sobre os combustíveis, avalia que o movimento não deve ter muita força e ser localizado. Segundo sondagens próprias com sindicatos, 80% dos caminhoneiros do Brasil querem trabalhar, até porque é período de safra, segundo Maues. O assessor executivo ainda disse que a CNTA tem lutado pelos pleitos dos caminhoneiros, mas que muitas das reivindicações do movimento marcado para esta segunda estão equivocadas.