Aumentos sucessivos no preço do diesel, altas na gasolina, encarecimento de peças e pneus, inexistência de plano de vacinação contra a Covid-19, más condições de trabalho.
Estes são os principais pontos do descontentamento geral da categoria dos caminhoneiros em todo o Brasil que poderá resultar em uma nova paralisação, com possibilidade de adesão em Tangará da Serra.
O descontentamento não é de hoje, e vem desde o governo de Dilma Rousseff (PT), tanto que em 2015 os caminhoneiros autônomos chegaram a pedir a renúncia da presidenta petista. Em 2018, houve uma paralisação histórica pela redução do preço do diesel, que estabeleceu caos no país.
A paralisação poderá reprisada em 2021, em julho, pelos mesmos motivos. O Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas – CNTRC, através de nota, para uma paralisação, por prazo indeterminado, a partir do próximo dia 25 de julho, dia do caminhoneiro (São Cristovão).

Laurini: “Aumentos do diesel e custos dos insumos inviabilizam o trabalho”.
Segundo Edgar Laurini, presidente da Associação de Proprietários de Caminhões e Transportadores de Cargas de Tangará da Serra (APCTTS), em Tangará da Serra ainda não há indicativos de que haverá greve, mas a adesão ao possível movimento nacional, em julho, não está descartada.
“É possível, sim, pois o preço do frete e os altos custos dos insumos está tornando o trabalho inviável”, disse Edgar, em contato com o Enfoque Business. Ele cita os pneus de caminhões de cargas, que saltaram de R$ 1.400,00 para R$ 3.000,00, além das peças de reposição, que também estão bem mais caras.
Diesel
O CNTRC alega, entre as justificativas para uma possível greve, que os reajustes nos preços dos combustíveis promovidos pela Petrobras, sem explicações adequadas, ferem inclusive determinações do Código de Defesa do Consumidor – CDC.
Cita também que as tentativas de discussão do assunto com a direção da empresa foram frustradas. Além disso, a proposta de política de preços encaminhada, que recebeu a promessa de análise por parte da companhia, até hoje não teve resposta.
Houve, também, o fim de uma isenção temporária de impostos federais, que valeu por dois meses. O CNTRC defende a taxação de exportações de petróleo e a utilização da mesma para reduzir impostos sobre os combustíveis.
Taxação
A Petrobras adota, desde 2016, o Preço de Paridade de Importação (PPI) para reajustar os combustíveis no Brasil. Na época, os reajustes eram praticamente diários, seguindo a flutuação do mercado internacional, mas agora não há prazo determinado.
Em 2018, os caminhoneiros promoveram uma greve histórica contra o valor do diesel
A demanda dos caminhoneiros, que chegaram a promover uma greve histórica contra os preços do diesel, em 2018, segue-se ainda a constantes reclamações do próprio presidente Bolsonaro sobre o custo dos combustíveis.
Na carta enviada ao presidente Bolsonaro, a CNTRC pede que o Governo adote a taxação de exportações de petróleo bruto “como medida imediata”, enquanto outros pleitos devem ser analisados, como o fim da busca pela paridade de importação.
“Os recursos advindos da taxação na exportação de petróleo bruto poderão ser utilizados para compensar Estados e União na redução de impostos sobre combustíveis”, sugeriu o grupo de caminhoneiros.
Desde que Luna tomou posse, em 19 de abril, a Petrobras realizou apenas um reajuste de preços (um recuo para gasolina e diesel), anunciado em 30 de abril. O cenário internacional contribuiu, uma vez que os preços tiveram uma certa estabilidade.