Os perigos da estrada nas serras dos Parecis e de Tapirapuã, em Tangará da Serra, estão motivando pedidos de melhorias nas condições de segurança nos dois trechos que mais registram acidentes fatais na MT-358.
O grave acidente, novamente com vítima fatal, registrado na Serra de Tapirapuã no último final de semana mobilizou a Associação dos Proprietários de Caminhões de Transportes de Tangará da Serra (APCTTS), que requer melhorias nas sinalizações dos dois trechos nas serras. Ofícios solicitando melhorias já foram entregues a representantes do poder público estadual. Tais melhorias, porém, já estão previstas no contrato de concessão da rodovia.

Laurini: “Praticamente não há sinalização avisando o motorista que se trata de duas serras de grande perigo”.
Segundo o presidente da entidade, Edgar Laurini, os dois declives são extremamente perigosos e a sinalização é precária. “Praticamente não há sinalização avisando o motorista que se trata de duas serras de grande perigo e que é preciso reduzir a velocidade”, observa Laurini. Ele destaca que nas serras, às suas margens, é preciso ter placas com alertas de longo trecho sinuoso em declive e de curvas acentuadas. “No Paraná, por exemplo, a sinalização é muito eficiente em todos os trechos de serra. Aqui em Mato Grosso, a maior parte dos trajetos é em chapadões e quando ocorrem serras, acabam se transformando em armadilhas, principalmente para o motorista que não conhece esses trechos”, acrescentou.
O líder dos caminhoneiros destaca que, no caso do trecho na Serra de Tapirapuã, entre Tangará da Serra e Nova Olímpia, a via é duplicada, mas, além da inexistência de sinalização, a pista é escorregadia. Já na Serra dos Parecis, no Chapadão, a via não é duplicada e a falta de sinalização agrava uma situação que inclui, também, um erro de engenharia na conhecida ‘Curva da Morte’, cujo caimento para fora da pista leva muitos veículos a saírem da estrada, precipitando-se de uma altura de aproximadamente 30 metros. A queda quase sempre é fatal.

Na Serra dos Parecis a via não é duplicada e a falta de sinalização agrava uma situação que inclui um erro de engenharia na conhecida ‘Curva da Morte’.
Edgar Laurini pede que as autoridades estaduais tomem providências, com sinalizações e instalação de descansos, áreas de escape com caixas de brita, entre outros dispositivos de segurança. “O caminhoneiro não pode errar. Se ele entrar com o caminhão carregado na serra a 80 por hora, ele não consegue mais parar. Por isso é preciso sinalização bem antes”, disse.
Por outro lado, Edgar salienta as boas condições da Serra de Deciolândia. “Ali, em Deciolândia, ficou muito bom. Está ótimo, instalaram placas de alerta e é assim que deveria ser na de Tapirapuã e na do Parecis”, completou.
Por fim, Laurini defende sinalização também para quem acessa o sentido em aclive das serras, alertando os motoristas sobre os perigos.
De conhecimento
Vale lembrar que os problemas envolvendo a MT-358 nas duas serras é de conhecimento das autoridades estaduais. No caso da Serra dos Parecis, em 2010 (há 11 anos, portanto) o Ministério Público, através do promotor Antônio Moreira – que à época atuava na 1ª Promotoria Cível de Tangará da Serra – propôs ação civil pública para que o governo estadual procedesse nas correções da pista.
A ação proposta pelo MP foi acatada pelo juiz Jamílson Haddad Campos, que respondia na oportunidade pela 4ª Vara Cível. Campos determinou ao governo estadual a realização de obras de correção da curva da morte, recomendando ao Executivo Estadual “afastar toda a burocracia” que pudesse emperrar o cumprimento, “fixando-se multa diária de R$ 30 mil” em caso de descumprimento ou resistências aos termos da sentença.
Os problemas naquele trecho, contudo, persistem, e os acidentes seguem ocorrendo.
Concessão
Segundo informações obtidas pela redação, o já assinado contrato de concessão do trecho da MT-358 desde o entroncamento com a BR-364, na localidade de Itanorte, até o trevo de Jangada, na BR-163, prevê obras corretivas nos trechos das duas serras. A empresa concessionária é a Via Brasil.
O que pesa, porém, é o tempo de espera pela execução destas obras. Para Edgar Laurini, as providências devem ser urgentes. “Não podemos ficar esperando. Nessa espera, mais acidentes podem acontecendo e mais vidas podem ser perdidas. É preciso entender a urgência”, concluiu.

Serra de Tapirapuã é duplicada, mas tem pista escorregadia e a sinalização é precária.