Quando os jovens Gustavo Henrique Albanez e Jhony Marlon Carmargo de Souza seguiam rumo a uma oficina da cidade cobrar uma dívida, na tarde daquela quinta-feira (03/12), não imaginavam que estavam inaugurando a mais sombria fase das suas vidas.
Embalados pela bebida alcoólica e cegados pela inconsequência, Gustavo e Jhony Marlon (foto acima) chegaram à oficina do mecânico João Paulo da Costa, em Tangará da Serra, querendo receber uma dívida. João Paulo não tinha o dinheiro naquele momento e esta foi a senha para uma sessão tríplice de tortura.
Violência e roubo
O quadro da sessão tríplice contra a vítima João Paulo foi pintado com os tons cinzentos da quádrupla combinação de álcool, violência, covardia e sentimento de impunidade.
Gustavo e Jhony foram e voltaram três vezes à oficina de João Paulo naquele dia. Numa delas, fecharam o estabelecimento para que a vítima não tivesse como fugir, espancaram-na, filmaram as cenas e, por fim, roubaram uma peça de um veículo de um cliente para usar no carro de Gustavo.
O que ocorreu naquela fatídica quinta-feira veio à tona no final de semana seguinte (sábado, 05), nas redes sociais. O vídeo com as agressões foi postado (provavelmente) por Jhony, que filmou o espancamento de João Paulo. As imagens foram parar nas mãos da Polícia, que investiga a possibilidade da existência de um segundo vídeo, também com cenas de agressão.
Fuga e prisão
A partir do momento em que as imagens do espancamento caíram nas redes sociais, o orgulho e a ‘valentia’ de Gustavo e Jhony Marlon começaram a ruir. A revolta que se espalhou na sociedade levou os dois infratores a se sentirem apreensivos, desesperadamente assustados com a proporção e as inevitáveis consequências do triste episódio.

De cabelo raspado para dificultar identificação, Gustavo foi preso nas primeiras horas da manhã do último dia 08, em Cuiabá. (Foto imagens TV)
Eles sabiam que a Polícia os procurava e resolveram fugir, mas foram presos no início da semana seguinte, nas primeiras horas da manhã da terça-feira, dia 08. Eles se preparavam para seguir em fuga.
Jhony escondia-se numa fazenda, na saída para Campo Novo do Parecis. Gustavo, que rapou seus cabelos para dificultar seu reconhecimento, estava num hotel, em Cuiabá.
Gustavo e Jhony receberam voz de prisão e foram algemados. Prestaram depoimentos e seguiram para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Tangará da Serra.
Consequências
O inquérito foi concluído esta semana e o resultado pode ser quase tão doloroso quanto as agressões e as humilhações sofridas pela vítima João Paulo, que, por sinal, dificilmente esquecerá o pavor que vivenciou naquela quinta-feira.
O delegado Adil Pinheiro indiciou Gustavo Henrique e Jhony Marlon por crime de tortura (considerado hediondo e, portanto, inafiançável), com as agravantes de roubo qualificado (a peça – um painel inteiro – que a dupla de agressores arrancou do carro de um cliente da oficina) e restrição de liberdade (crime mais grave que cárcere privado: fecharam a oficina para impedir que João Paulo fugisse da sessão de espancamento).
Tudo isso, segundo o delegado, poderá render mais de 20 anos de reclusão a Gustavo Henrique Albanez e Jhony Marlon Camargo de Souza. O Ministério Público vai se manifestar e, só então, o juízo da 2ª Vara Criminal de Tangará da Serra decidirá quais as penas.
Se a Justiça entender cabíveis as penalidades sugeridas no inquérito, Gustavo Henrique e Jhony Marlon definitivamente dedicarão suas juventudes na cadeia. Para os dois jovens, um triste resultado da soma de quatro elementos: álcool, violência, covardia e sentimento de impunidade.